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  18:43

PANEGÍRICO AO CENTENÁRIO DE MONSENHOR JOAQUIM LOPES: O LÍDER IMORTAL DO CLERO PIAUIENSE (1925-2025)

"Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes, a pedra mais sólida no alicerce tão profundo dos 80 anos de luta na construção da Diocese do Piauí.

Lutador compulsivo, destemido e inquebrantável na sua teimosia sacerdotal de ver um Bispo de anel e mitra na futura Cátedra Episcopal do Piauí. Piauiense de Picos (24/02/1870).

Filósofo, teólogo e sacerdote em São Luís - MA (19/05/1894), vigário exemplar de Pedro II - Prelado da Matriz do Amparo, Primaz de Teresina." (SANTOS NETO).

O maior construtor e restaurador do nosso patrimônio diocesano: doador da chácara Tabajara que serviu de terreno para a fundação do Convento São Benedito dos Frades Capuchinhos em Teresina. O Convento São Benedito foi a primeira casa dos Frades Capuchinhos no Piauí. Construído pelo missionário italiano Frei Heliodoro de Inzago, e inaugurado em 1941.

Construtor da formosa Capela do Sagrado Coração de Jesus em Picos, e da Capela do Sagrado Coração de Jesus da comunidade Forte, município de Inhuma, onde está sepultado.

Também financiou o estabelecimento da Diocese na capital Teresina, organizando o patrimônio da Mitra Diocesana, junto de Mons. Raymundo Gil, seu fiel amigo nas árduas lutas pela dignidade de nosso primeiro Bispo, Dom Joaquim Antônio de Almeida.

"Nesse corpo pequeno, habitavam vontades férreas. Nessa aparência frágil escondia-se substanciosa alma sacerdotal. Cuidadoso. Inteligente. Irônico. Defensor dos pobres. Fazia tremer poderosos: Políticos ilustres da maçonaria e ateus. Medo de nada. Não fragilizou-se com sua ameaça de morte (tentativa de assassinato às portas da Igreja São Benedito em 1912). Não teve medo dos inimigos da Igreja.

Desde 24 de setembro de 1925, 4ª feira, aos 55 anos, dorme no silêncio sepulcral de sua capelinha familiar do Sagrado Coração de Jesus de Santa Cruz do Forte, cercada de seculares buritis, município de Inhuma-PI" (Idem).

Dr. Elias Martins, em seu opúsculo, Frei Serafim de Catânia (1917), louvando os ilustres sacerdotes que fizeram a História do Piauí, disserta sobre as qualidades do ilustre Mons. Lopes:

"Espírito organizador, de excepcional tenacidade, ao chegar ao Piauí, sua terra, no apogeu da juventude, concebeu e executou o plano de elevá-la à dignidade de diocese [...]. As qualidades do apóstolo da grande obra, escondidas em franzino invólucro, só podiam ser perscrutadas pelo cônego Acylino e Monsenhor Raymundo Gil, que irmanados pela mesma aspiração pressentiram e apoiaram a valorosa propaganda [...]. [Venceu]. Não dormiu sobre os louros da campanha. Seguiram-se outras fundações: a imprensa católica, o incremento das associações religiosas, a União Popular - organização político-cristã; e sobretudo, combate intenso contra as seitas inimigas, sustentado da cadeira paroquial de Nossa Senhora do Amparo, e depois do alto da igreja de São Benedito, que é ainda o templo de sua predileção [...]. Incompreendido hoje o tumulto e desenfreio da anarquia, consola-o o afeto filial do povo; e, tempo há de vir, em que os senhores da terra serão forçados a proclamar-lhe a pureza das intenções, a retidão do caráter e a benemerência das obras" (MARTINS, 1917).

Imagens da exposição em homenagem ao centenário de Monsenhor Lopes, na Capela do Sagrado Coração do Forte, município Inhuma-PI em 24/09/2025.
(Créditos: João Antônio Macêdo).

No jornal, União (1925), a equipe do Centro da Boa Impressa, sede do apostolado jornalístico católico na capital federal (RJ), noticiaram com profundo pesar, o falecimento do Monsenhor Lopes, líder dos católicos do Piauhy:

"Com profunda mágoa lemos esta infausta noticia: «TERESINA, — 20. - Faleceu, no município de Valença, Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes. Figura de alto destaque do clero piauhyense, o seu passamento foi muito sentido em todo o Estado. Monsenhor Oliveira Lopes sucumbiu vítima de uma colapso cardíaco.»

Mons. Lopes era um dos nossos melhores amigos e sua morte é uma grande perda para a religião e para a pátria. Caráter integérrimo, intrépido lutador pelo catolicismo e pelo Brasil, bateu-se como um leão contra os poderosos chefes políticos maçons do Piauhy, que foram obrigados a respeitá-lo, fazendo justiça a sinceridade e aos altos intuitos desse sacerdote de rara inteligência, de costumes impolutos e de piedade exemplar.

Quando se fundou aqui o Centro Católico para a direção política dos católicos brasileiros, já prevendo a alta conveniência dessa instituição, tinha Mons. Lopes organizado no Piauhy o partido católico, e com ele entrado em luta com os paredros da política pessoal que ali como em todo o país, tem desacreditado a república.

Filiando-se logo ao Centro da capital federal, foi Mons. Lopes o mais solícito e entusiasta dos seus delegados diocesanos. Bateu-se o seu partido em todas as eleições do Estado, conseguindo eleger deputado federal o chefe do mesmo partido, o nosso amigo Dr. Elias, que tão patrioticamente se houve na Câmara.

Mons., veio ao Rio assistir aos debates do Congresso e levar instruções do Centro para o partido. Daqui levou grande cópia de livros para a biblioteca e objetos para o culto. Malogrou-se infelizmente a organização do partido católico em outros Estados, e os nossos superiores também julgaram inoportuna essa deliberação do Centro, que se dissolveu.

E assim, com profundo pesar, retraiu-se Mons. Lopes. – Sunt lacrimae rerum!

Embora não querendo comprometer-se na sua ação política, os superiores de Mons. Lopes reconheciam e louvavam sua solicitude como sacerdote. Daí as distinções e altas comissões que lhe deram, sendo ele nomeado para regente do bispado, quando vacante. A formação do bispado do Piauhy muito contribuiu o nosso amigo.

Deixa-nos profunda saudade esse modelo do clero nacional, sacrificando-se com abnegação, sem medo e sem mácula; numa laboriosidade indefessa, pelos grandes ideais — Deus e a Pátria".

Referências:

SANTOS NETO, Antônio Fonseca; LIBÓRIO, Paulo de Tarso Batista. OCTAVIANO. Teresina: Nova Fronteira. 2018. (Sucessores dos Apóstolos em Teresina). Vol. 2.

MARTINS, Elias. Frei Serafim de Catânia. (Therezina-Piauhy) Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1917.

A UNIÃO – propriedade do “Centro da Boa Imprensa”. Rio de Janeiro – 11 de outubro de 1925, ano XVI, nº 82, p. 3.

 

 

 

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