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Campo Maior, 260 anos: Figuras populares que marcaram a capital dos carnaubais; Aprígio Antero, o Relojoeiro

 Aprígio Antero, tradicional relojoeiro de Campo Maior.

Campo Maior completa nesta segunda-feira (08) 260 anos de emancipação política e pensando nisso, o Campo Maior Em Foco resolveu contar algumas histórias que fazem referência a figuras conhecidas da capital dos carnaubais, personagens que seja por seu carisma, talento ou profissão, ganharam a simpatia da população e certamente deixaram muitas saudades. 

Aprígio, o relojoeiro

Aprígio Antero dos Santos nasceu no Ceará, em 03 de janeiro de 1950. Seu irmão Domingos dos Santos conta que a família mudou-se do Ceará para Campo Maior em lombos de jumento. Os pequenos dentro de jacás e os maiores com o pai conduziam a caravana.

Na capital dos carnaubais seu Antônio dos Santos , o patriarca, passou a trabalhar como negociante. Comprava artigos com seu França Santana e ia vender em Tianguá-CE. Quando voltava trazia frutas e verduras.  Aprígio foi mecânico de bicicletas e feirante. Mantinha uma banca de frutas no antigo mercado público na Praça Luís Miranda abastecida pelo pai.

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 O ofício de consertar relógios aprendeu na base da teimosia, pois ainda bastante jovem Aprígio gostava de observar um velho relojoeiro na Rua Santo Antônio. O homem não gostava que ninguém o observasse e expulsava o garoto, mas ele sempre retornava, até que assimilou os segredos das engrenagens.

Montou uma banquinha na Rua Sem. José Euzébio, na calçada de um dos prédios. Como as peças e engrenagens dos relógios eram pequenas e delicadas o vento lhe atrapalhava bastante. Um amigo que tinha uma barbearia na esquina do “Beco dos Lisos” lhe convidou para colocar sua mesa num cantinho ali. Agora o problema do vento melhorou, mas tinha também os cabelos dos clientes que acabavam se depositando nos relógios que estavam em conserto.

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Foi aí que com o dinheiro ganho na feira e a renda já obtida com os consertos, seu Aprígio foi juntando, juntando, até que conseguiu comprar uma licença para colocar sua oficina em seu famoso pontinho, no Beco dos Lisos, onde atuou como relojoeiro por cerca de 50 anos.

Figuras ilustres de Campo Maior, comerciantes, políticos, gente simples, todos passavam por ali para reparar seus relógios, sejam eles de pulso ou de parede, ou os antigos despertadores. A figura de seu Aprígio em sua cabine fechada com vidraças e utilizando seu monóculo para ver melhor as pequenas engrenagens era icônica. Era sem dúvidas o melhor relojoeiro da região, título garantido por uma entidade de pesquisa relacionada a atividades técnicas e sociais na década de 90.

Religioso e muito devoto de São Francisco, Aprígio foi não apenas uma vez a Canindé de bicicleta e também de moto. Amigo dos animais, costumava fazer carinho e alimentar os cães de rua que circulavam ali no Beco dos Lisos.

Segundo sua filha Andressa Lília, o relojoeiro trabalhou até cerca de um mês antes de seu falecimento e chegou a bater ponto na oficina usando uma bolsa de colostomia, pois estava se tratando de um câncer de intestino. Casou sua filha Aline no dia 10 de outubro de 2021 e em 21 de novembro veio a falecer.

O relojoeiro Aprígio, do Beco dos Lisos, deixou 7 filhos, 9 netos, 3 bisnetos e com toda a certeza muitos amigos e muita saudade.