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Campo Maior, 260 anos: Figuras populares que marcaram a capital dos carnaubais; Estêvão Faustino

 Foto: Luselene Macedo

Por ocasião do aniversário de 260 anos de emancipação de Campo Maior, o Em Foco decidiu contar histórias de personagens populares da capital dos carnaubais, figuras que com certeza deixaram sua marca e também muitas lebranças e saudades. Já fizemos referência a Seu Jacob Sapateiro e ao relojoeiro Aprígio. Segue mais uma história interessante de um campomaiorense muito querido por todos:

Estêvão Faustino, o cordelista

Nordestino raíz, seu Estevão Faustino sempre foi um amante da poesia de cordel. Deixou registrados em seus poemas, e em livro, os momentos mais marcantes de sua vida, que são na verdade a síntese da vida do sertanejo. 

Estevão Fortes de Carvalho nasceu em 1938, na comunidade Venâncio, em Nossa Senhora de Nazaré e morou também no Angelim, em Campo Maior. Foi marchante e motorista de caminhão, mas o que deixou seu Estevão Faustino conhecido foram as poesias de cordel. O jornalista Arnaldo Ribeiro sempre exaltava o talento de seu Faustino que segundo ele, era "analfabeto só de escola, nunca andou num colégio". Casou-se aos 18 anos com dona Antônia Monteiro de Carvalho com quem teve 7 filhos. O poeta conta em poesia detalhes do seu casamento e da vida a dois:

"Quando eu vi a princesa já fiquei enlouquecido Fui logo perguntando se queria casar comigo.  Respondeu com muita fé: sou sua futura mulher e você é meu marido."

"Tirei palha de carnaúba pra fazer nossa cazinha. Nós não tinha o que comer, nem um ovo de galinha. O amor servia de pão, completa a refeição com pirão d'água sem farinha."

 

Em 2013, em entrevista a TV Antena 10 por ocasião do Festival de Gastronomia Sabor Maior, seu Estevão contou como começou a escrever suas poesias.  "Eu não podia ver um repentista batendo numa viola pra cantar repente, que eu ficava todo 'arrupiado'. Aí, eles cantando aquele negócio, eu pensei: isso aí dá pra mim fazer também".

Em 2017 Estevão Faustino reuniu o que foi possível do seu acervo de poesias e publicou um livro. Entre tantas havia uma da qual o poeta não esquecia. Se chama "Amarrei minha cabrita" e foi dedicada a dona Totonha, sua esposa.

"Tirei palha de carnaúba pra fazer nossa cazinha. Nós não tinha o que comer, nem um ovo de galinha. O amor servia de pão, completa a refeição com pirão d'água sem farinha.”__

No dia 4 de outubro de 2020, no auge da pandemia de coronavírus, seu Estevão foi internado do Hospital Regional de Campo Maior  com dificuldades respiratórias. Foi submetido a dois testes que deram negativo para covid-19. O estado de saúde se agravou e o poeta foi transferido na madrugada do dia 5 para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT). 

Segundo os familiares os médicos chegaram a cogitar a entubação, mas seu Faustino experimentou um melhora no quadro e foi transferido da UTI para a ala de repouso. Dizem que ele saiu cantando da UTI, com a alegria que lhe era peculiar. Porém, no dia 8 de outubro de 2020, Estevão Faustino faleceu. 

Deixou o seu legado em forma de poesia e a residência onde terminou seus dias no bairro Santa Cruz tornou-se uma testemunha da história de vida desse cidadão campomaiorense.   

Estêvão Faustino com o jornalista Arnaldo Ribeiro, familiares e amigos. Imagem: Redes Sociais