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125 ANOS DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS EM CAMPO MAIOR-PI (1900-2025)

O Apostolado da Oração de Campo Maior, fundado a 25 de dezembro de 1900, ao que tudo indica, foi implantado por influência direta ou indireta do Revm° Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes (1870-1925), grande sacerdote piauiense, natural de Picos, que semeou em todas as paróquias do Piauí, quando ainda era parte da jurisdição eclesiástica do Maranhão, centros do Apostolado da Oração; segundo confirma o Historiador Reginaldo Miranda: “Em sua faina religiosa fundou em todas as paróquias piauienses, o Apostolado da Oração. Também, trouxe para Teresina a Sociedade São Vicente de Paulo”.

Ainda sobre o ilustre sacerdote, que neste ano completaram seus 100 anos de falecimento, digno de honras, Miranda cita: “Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes, foi ‘um sacerdote exemplar, amigo da terra que lhe deu o berço’, no dizer do seu colega padre Luís Gonzaga”.
E continua em outra parte: “Segundo a notícia fúnebre veiculada no jornal A Imprensa (1925), era um ‘Sacerdote dos mais cultos, virtuosos e distintos do Piauhy’ (...)”
Na época em questão, o Vigário da paróquia/freguesia de Santo Antônio era o Revm° Padre Manoel Félix Cavalcanti de Barros (1818-1903), que cooperou com a instalação do centro do Apostolado na freguesia de Santo Antônio de Campo Maior.
Desde muito cedo, o Apostolado da Oração esteve unido as atividades da paróquia de Santo Antônio, em constante comunhão com os vigários e sacerdotes que administravam a igreja campo-maiorense, nas festividades do padroeiro Santo Antônio, à frente da organização dos festejos, e a exemplo também das festas populares das primeiras décadas, a Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora de Guadalupe; antiga devoção que não se ver mais tão ativa como nos tempos de outrora.
Em diversas ocasiões, o Apostolado sempre esteve unido ao vigário e padre, nas adversidades de perseguições políticas, tão frequentes naqueles tempos de coronéis e jagunços: a exemplo do caso que ocorreu em 1928, quando o Padre Benedito Cantuária sofreu represálias políticas, as zeladoras do Apostolado mantiveram-se firmes na defesa do sacerdote.
No dia 24 de agosto de 1930, o padre Acylino Portella assumiu como vigário de Campo Maior, por ordem de Dom Severino Vieira de Melo (3° Bispo do Piauí e 1° Arcebispo de Teresina), sendo readmitido de 1931 a 1933. E, depois, foi readmitido novamente, ficando até 1934. Durante a década de 1930, a paróquia de Santo Antônio de Campo Maior mudou várias vezes de administrador, de modo que esse revezamento só findaria no tempo de Mons. Mateus, como pároco definitivo (inamovível).
Aos 17 de maio de 1934, Dom Severino visitou Campo Maior e, a pedido do pároco Acylino, transferiu as reuniões do Apostolado da Oração das sextas-feiras para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. As zeladoras do Apostolado, nesse ínterim, passaram a zelar pela Igreja do Rosário.
A partir de 23 de maio de 1934 (TOMBO, 1883: 85). A partir desse ano, as zeladoras iniciaram uma longa estrada de zelo e de administração do templo sede do Sagrado Coração de Jesus, de onde as procissões deveriam sair todos os anos.
Em 1939, Dom Severino visitou, novamente, a nossa paróquia, em 14 de outubro, encontrando a Igreja de Nossa Senhora do Rosário sob tutela das zeladoras do Apostolado da Oração, muito bem provida; à frente de nossa paróquia estava o Mons. Fernando Lopes, grande sacerdote, natural da Paraíba (Idem, 1883: 88).
Com a posse do Pe. Mateus Cortez Rufino (1915-1990) em 1941, foram revitalizados vários setores da paróquia, no âmbito material, mas especialmente no pastoral e doutrinal. No que se refere à Igreja do Rosário consta que o Pe. Mateus identificou a boa administração das zeladoras do
Apostolado, que tinha sua sede na Igreja do Rosário. O padre contou 37 zeladoras atuantes na paróquia, apesar de certas dificuldades por parte de alguns membros, tecendo elogios à boa gestão das zeladoras, lideradas pela presidente Dona Briolanja Oliveira (TOMBO, 1942: 7).
Ao final do ano de 1944, ocorreu a festa do centenário do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus (fundado na França em 1844) e o 44º aniversário do Apostolado, em Campo Maior. No dia 31 de dezembro, as famílias da cidade se consagraram ao Sagrado Coração de Jesus, na Igreja do Rosário, como era de costume todo ano (Idem, 1942: 22).
O Pe. Mateus Cortez Rufino foi empossado pároco inamovível da Igreja Matriz de Santo Antônio, em 1950. Agora, nossa paróquia tinha seu vigário fixo (Idem, 1942: 47). Em 1950, também foi comemorado o cinquentenário do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus de Campo Maior, dentro das festividades da Semana Eucarística presidida por Padre Mateus, tendo à frente da presidência do Apostolado a Dona Francisca (Chiquinha) Oliveira. A missa comemorativa dos 50 anos foi presidida pelo Bispo auxiliar de Teresina Dom Raimundo de Castro e Silva (Idem, 1942: 53); neste tempo, a antiga Igreja Matriz de Santo Antônio já havia sido demolida e a construção da Catedral ainda estava inconclusa.
O jornal O Dominical de Teresina, publicou a programação completa das solenidades da Semana Eucarística do ano de 1950; abaixo leiamos uma amostra da cobertura jornalística primorosa da época, a leitura nos transporta ao passado – àqueles tempos idos de outrora:
DATA JUBILAR DI APOSTOLADO DA ORAÇÃO 
Às 18h00, dia 25/12 – translado da imagem do Sagrado Coração de Jesus da Igreja do Rosário para o Altar Monumento da praça Bona Primo, onde será abertura da Semana Eucarística Paroquial com o canto do Veni Creator, discurso do excelentíssimo vigário da freguesia, recepção de fitas das novas zeladoras associadas, renovação da consagração e compromisso, benção do Santíssimo Sacramento e canto do hino do cinquentenário. (...)
SANTO ANTÔNIO quer que a Semana Eucarística traga, aos pés de JESUS Sacramentado toda sua Paróquia, numa demonstração de Fé, Amor e Gratidão.
(O DOMINCAL, 1950).
O Apostolado se constituiu como um exemplo de zelo e de administração da Igreja, desde os anos de 1930 até as décadas de 1950, 1960 e 1970, aproximadamente. Por este tempo, foi presidente do Apostolado a Dona Marion Monteiro Saraiva, grande poetisa e musicista campo-maiorense.
Conforme vemos no livro de Atas do Apostolado, as zeladoras e zeladores mantiveram todo o controle de despesas para conservação do espaço religioso e manutenção do Culto Divino (Santa Missa) e demais materiais de aquisição para o asseio e limpeza da Igreja do Rosário e depois na Catedral de Santo Antônio; todas as devidas prestações de contas eram feitas ao então vigário Monsenhor Mateus.
Após a inauguração da Catedral em 1962, bicentenário de Campo Maior, por benção do Revm° Arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela, e a elevação da paróquia a Diocese por força da Bula Pontifical Tametsi Munus Ecclesiae, de 12 de Junho de 1975 do Papa Paulo VI, o Apostolado da Oração voltou as suas ações para a Catedral, sob orientação de Monsenhor Mateus, depois sob orientação do vigário Monsenhor Isaac José Vilarinho, de 1972 a 1986; por este tempo destaca-se o Sr. Antônio Felipe, presidente do Apostolado da Oração.
Ao longo das décadas de 1980 e 1990, o Apostolado da Oração fixou-se na Catedral e manteve estreita relação com Dom Abel Alonso Nuñez (1° Bispo de Campo Maior), em suas diversas atividades pastorais e catequéticas, na formação e edificação da Diocese de Campo Maior, disseminando-se nos vários municípios da circunscrição eclesiástica diocesana. Por estes anos, o vigário da Catedral era Mons. Silvestre Félix de Sousa, de 1987 a 2002, estando na presidência do Apostolado a Sr.ª Rosa Angélica Miranda Batista, nos primeiros anos da década 1990; e depois a Sr.ª Maria Jesus Lima Lustosa que assumiu a presidência em 1995, e a vice-presidência a Sr.ª Maria do Socorro Vieira Dourado; em seguida o Sr. Henrique Wallace Lima Xavier, atual presidente.
Conforme lemos nas Atas das últimas décadas mais recentes; por exemplo, nos anos 90, as reuniões na Catedral contavam em média de 34 até 47 zeladoras, número que veio decaindo dos anos 2000 para cá. Outro aspecto, de grande admiração e louvor, é notar as diversas ações de obras de misericórdia motivadas e desenvolvidas pelas zeladoras, além das importantes obras espirituais, também as obras de misericórdia material: auxílio aos necessitados, doações de cestas básicas e de remédios aos enfermos, no apoio financeiro em velórios e enterros, ajuda nas despesas e dívidas dos mais carentes; o caixa do Apostolado é um exemplo de obra pastoral de caridade na dinâmica viva e orgânica do povo de Deus.
No ano 2000, o Apostolado da Oração teve a ocasião de seu centenário de fundação; porém, em meio a tantas movimentações na Igreja: jubileu do Milênio e mudança do episcopado de Dom Abel a Dom Eduardo Zielski (2° Bispo de Campo Maior), a festa do centenário não obteve a relevância necessária e suficiente; devido a isso, o Apostolado da Oração busca remediar tal infelicidade histórica, e neste ano de 2025, comemorar os seus 125 anos com todo louvor e homenagens dignas a esta associação de leigos e consagrados que tanto sustentou e avivou por gerações os corações dos campo-maiorenses em torno da devoção ardente ao Sacratíssimo Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Fontes e Referências: 
LIVRO DE TOMBO. Freguesia de Campo-Maior, 1883. Vol. 1. Arquivo da Secretaria Diocesana de Campo Maior-PI.
LIVRO DE TOMBO. Campo Maior, 1942. Vol. 2. Arquivo da Secretaria Diocesana de Campo Maior-PI.
LIVRO DE ATAS DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO – Igreja de Santo Antônio – Campo Maior, 2 de janeiro de 1955. (1955-1970). Arquivo particular FUNDAÇÃO CARDOZO NETO – MUSEU ZÉ DIDÔR.
LIVRO DE ATAS (1993-2015) – Apostolado da Oração da Catedral de Santo Antônio de Campo Maior.
LIMA, Reginaldo Gonçalves de. Geração Campo Maior: anotações para uma enciclopédia. Gráfica e Editora Júnior LTDA, Teresina, 1995.
FARIAS, Dário Leno de Souza. 130 anos de fé e devoção: história da igreja de Nossa Senhora do Rosário. 1. Ed. Teresina: FSC Comércio e Industria Ltda. São Luís Gráfica e Editora, 2023.
MIRANDA, Reginaldo. Monsenhor Joaquim de Oliveira Lopes e a criação da Diocese do Piauí (2023). Disponível : www.portalentretextos.com.br
O DOMINICAL: semanário de orientação católica. Ano XIV, n° 49, Teresina, Domingo, 10 de dezembro de 1950, p. 1.
O DOMINICAL. Ano XIV, n° 52, Teresina, 31 de dezembro de 1950, p. 3.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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