
A eventual indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga deixada por Barroso no Supremo Tribunal Federal, reaviva memórias e levanta dúvidas sobre as indicações de ministros do Supremo Tribunal Federal por presidentes da república. Messias ganhou notoriedade nacional em 2016 ao ser citado numa conversa telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o então condenada na lava jato Luiz Inácio Lula da Silva. O episódio que ficou conhecido na imprensa pelo apelido “Bessias” e desde então o advogado construiu trajetória próxima aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT).
O episódio de 2016: o “Bessias”
Em 2016, gravações divulgadas no contexto da Operação Lava Jato mostraram Dilma e Lula conversando sobre a nomeação de Lula para a Casa Civil. Em um dos trechos divulgados em rede nacional Dilma diz que “tô mandando o ‘Bessias’ deixar o documento”, referência ao advogado, assessor de Dilma naquele momento, que faria a entrega do termo de posse a Lula para tentar blindar e evitar que o então ex-presidente fosse preso.
A divulgação daquele áudio foi usada por setores que viam na nomeação uma tentativa de conferir foro especial ao ex-presidente; a posse foi suspensa e o episódio tornou-se um marco das investigações e da polarização política da época.

Trajetória profissional
Jorge Rodrigo Araújo Messias é procurador da Fazenda Nacional desde 2007, formado pela Universidade Federal de Pernambuco e com mestrado/doutorado pela UnB. Passou por cargos técnicos no Executivo de governos Lula, Dilma e Lula novamente. Foi subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil no governo Dilma, atuou como procurador no Banco Central e no BNDES e ocupou secretarias e consultorias em ministérios. Em janeiro de 2023, foi empossado como advogado-geral da União no governo Lula.
A proximidade com o PT e com Lula
Analistas e reportagens do site “Metrópoles” destacam que Messias é visto como homem de confiança do PT e do presidente Lula, informação que os petistas já usam para defender o nome em eventuais disputas sobre a indicação ao STF, citando “lealdade” e “confiança” como atributos políticos favoráveis.
Para a posição, no entanto, essa proximidade levanta conflitos de percepção sobre independência e imparcialidade em um cargo como o de ministro do STF, principalmente depois de polemicas sobre indicações de aliados e pessoas muitos próximas, como Flavio Dino, velho aliado politico e o próprio Cristiano Zanin, advogado de Lula. Na campanha eleitoral de 2021, durante debate na televisão, Lula chegou a dizer que colocar amigo, companheiro e partidário no STF era um atraso, um retrocesso e era contra.
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