
Quase 90% das vítimas de feminicídio no Piauí não registraram Boletim de Ocorrência (BO) contra o agressor, apontou a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-PI) nesta segunda-feira (8). O dado é da Biografia da Vítima de Feminicídio do Piauí, elaborada pela Gerência de Análise Criminal Estatística (Gace) da SSP.
O trabalho revelou que 87,85% das mulheres que acabaram sendo vítimas de feminicídio entre janeiro de 2022 e abril de 2025 não haviam registrado BO contra os agressores. O delegado João Marcelo Brasileiro, gerente da Gace, destacou a importância da denúncia.
"Quando a vítima procura uma delegacia, a Polícia Militar, as instituições como a Casa da Mulher Brasileira ou aciona os telefones disponíveis para denúncia, o caso dela vira um registro e é essa informação que vai permitir que ela passe a ser protegida”, explicou.
Segundo a SSP, o feminicídio é geralmente antecedido por diversos outros tipos de violência. "O ciclo inicia com o agressor xingando, ciúmes excessivos, piadas ofensivas, ameaças, proibição e controle, assédio sexual, chantagem, mentiras e ofensas, humilhações públicas", informou o órgão.
"Depois o comportamento do agressor escala para beliscões, arranhões, empurrões, chutes, destruição de bens da vítima. E, num estágio mais avançado, a mulher passa a ser vítima de confinamentos, lesão corporal leve, ameaças com uso de armas ou objetos, abuso sexual, espancamento e ameaça de morte. Por último, a morte", detalhou.
Cartilha informa sobre canais de denúncia
Juntos, a SPP, a Defensoria Pública do Estado, o Tribunal de Justiça e a Secretaria das Mulheres (Sempi), disponibilizaram a cartilha “Você denuncia, o estado acolhe”, cujo objetivo é disseminar informações claras e acessíveis sobre canais de denúncia, procedimentos e direitos das vítimas de violência contra a mulher.
A publicação está disponível no formato virtual e pode ser acessada no site da SSP ou por meio de um QRCode nas redes sociais do órgão. A meta, segundo a SSP, é ampliar o alcance das informações, estimular as denúncias e fortalecer a atuação do Estado no acolhimento e na proteção das vítimas.
A secretária das Mulheres do Piauí, Zenaide Lustosa, reforçou a existência dos canais e a necessidade das vítimas procurá-los. “São cerca de 80 Secretarias Municipais da Mulher no estado.
Além disso, todas as delegacias estão aptas a receber denúncias. Mas o mais importante é: não se cale. Sua vida importa. Busque ajuda”, disse. As vítimas podem acessar diversos tipos de canais.
O principal é o Disque 180, central telefônica gratuita, nacional e confidencial, disponível 24 horas, inclusive nos finais de semana e feriados. O serviço garante orientação e encaminhamento das vítimas para os órgãos competentes.
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