Entre no
nosso grupo!
WhatsApp
  RSS
  Whatsapp

  05:13

Policial reclama com chefe do tráfico do valor da propina: 'Vende pra caramba e só manda isso aí?'

Investigações da Polícia Federal mostram uma relação próxima entre o traficante de drogas e armas Phillip da Silva Gregório, o Professor, apontado como um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho, e diferentes setores da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Relatório da PF, obtido pelo g1, mostra que o criminoso negocia valor da propina com PMs, que reclamam do valor pago semanalmente.

Os policiais chegam a dizer que o valor é baixo e ameaçam retomar as operações na comunidade caso o valor não aumente, o que irrita o traficante. A conversa acontece durante o dia 27 de fevereiro de 2022.

As conversas fazem parte da investigação Dakovo, que apurou a compra de armas por facções criminosas no Paraguai. O traficante Professor é apontado como responsável por adquirir fuzis e pistolas para o Comando Vermelho.

Os contatos do criminoso são constantes com vendedores de armas no Paraguai, Bolívia e Colômbia.

PM cobra aumento da propina 

Troca de mensagens entre PM e o traficante Professor — Foto: Reprodução
  • Policial: "Outra parada, você sabe quanto você manda para a gente lá pelo engenho? A gente nn está acostumado com esse valor baixo nn mano, vc vende pra caramba, favela grande e só manda isso aí. 1.200 (R$ 1,2 mil) mano. É melhor ficar indo aí do que pegar esse valor... Para melhorar essa sintonia, vc tem que começar a melhorar esse valor"
  • Professor: Mano, tá me ameaçando? Tá falando que vai começar a entra na favela. Aqui é papo de homem. Valor é 1.200 se quiser aumentar o seu tenho que aumentar todos agora... Vida do crime tô nessa maior tempão. Vem nessa de melhorar sintonia não. Não quer não pega. Tem que saber falar comigo. Vc tá falando com Professor, mano. Não é nenhum bola rasteira não. Trato geral no respeito e geral respeita minha palavra. Aprende a falar.

Na troca de mensagens entre Professor e policiais do RJ, durante os anos de 2022 e 2023, é possível ver o traficante ainda recebendo pedidos para a devolução até de um carro roubado.

Os investigadores suspeitam que o contato seja feito por um policial. Ao traficante, ele diz que liga à pedido de "uma coronel da PM". O pedido é a recuperação de um veículo roubado por integrantes do CV.

De acordo com o telefonema, o veículo é devolvido. O traficante garante que a chave está no interior do carro. A ligação acontece em 23 de março de 2023. O policial que faz contato com Professor é identificado apenas como Hulk.

Pedido de coronel para devolver carro 

Policial: "A coronel tá ligada. Ela pediu para te ligar. Ela falou insistir aí vê se ele ajuda.

​Professor: "Mandei devolver tudo pra não roubar nada. Tá tudo dentro do carro

Policial: Pode deixar.

Professor: Puder ficar o máximo entocado, melhor. Nós já deu um papo geral. Vai dá uma sumida na hora. Eles mandou também.

Policial: Tá maluco. Esse carro é de um político aí. Nem sei quem é esse pica. Mais (sic) para ela mandar te ligar essa hora. Já mandou agradecer.

Professor: Se precisar nós está aí, blz

Policial: Vai poder largar lá agora. Tmj.

Professor: Posto desativado Inhaúma, chave está dentro do carro, blz? já está ok.

Boletim interno da PM

A proximidade do traficante com integrantes da PM do Rio chamou a atenção de investigadores da PF. O criminoso chega a ter acesso a um documento interno da polícia.

Em 18 de maio de 2022, o Boletim Interno da PM, número 88, trouxe as mudanças e as novas lotações de policiais nas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs.

A tela com o documento é enviado ao traficante. No documento constam os nomes e RGs dos PMs na corporação. Ou seja, policiais e suas identidades expostas a um dos chefes de uma das maiores facções criminosas do país.

Nesta semana, o g1 mostrou que um PM comunicava ao traficante que estava mudando de UPP. Essa notícia foi antecipada por O Globo em sua edição de segunda-feira (28).

O traficante Professor está foragido desde 2018. Ele foi preso pela Polícia Federal em março de 2015 numa das poucas vezes em que deixou o Complexo do Alemão. Em 23 de setembro de 2018 recebeu um benefício da Justiça para visitar a família e não retornou mais.

Fonte: G1

Mais de Polícia