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  10:03

OPINIÃO: O uso político da tragédia e as Aves de Rapina

Não defendo que uma tragédia como essa deva ser esquecida. Ela serve sim de reflexão para a nossa cidade e como ponto de discussão.

 

Onteontem a cidade de Campo Maior amanheceu mais triste, sem a alegria do Paulinho, um cidadão. Hoje a cidade tem um jovem a menos e a falta de um sorriso contagiante; porém, temos uma estatística a mais nos gigantescos e horrendos números de morte no trânsito. Deixo meu profundo pesar à família enlutada, que agora segue no mais terrível “vale da sombra da morte”, como disse o salmista Davi, e aos muitos amigos que o Paulinho tinha ao seu lado. Ele também era meu amigo. 


Aqui pouco me interessa tratar em descrever o fatal acidente que ceifou sua vida. O que me interessa é saber os rumos que a tragédia tomou na sociedade campomaiorense. É lastimável observar quantos abutres sobrevoam os céus de nossa cidade. O que aconteceu com a morte do Paulinho ultrapassou a esfera do que é moralmente e aceitável. Uma guerra midiática, não pela notícia em si, antes, uma exploração vergonhosa da morte, sem se quer demonstrar o devido respeito com a família enlutada. A Bíblia nos ensina que há tempo para tudo. Esse é o tempo da dor e do choro, de abraços consoladores, de palavras significativas e de esperança; não é hora de usar uma tragédia dessa natureza para fazer escalada política e ataques de baixo nível. Aves de rapina da política local! Corruptos que almejam sempre mais e mais do poder para se embriagarem em sua gananciosa imoralidades. Em ocasiões como essa, no qual a dor e o lamento são incontidos, deveria haver luto e não estratagemas políticos. 


Não defendo que uma tragédia como essa deva ser esquecida. Ela serve sim de reflexão para a nossa cidade e como ponto de discussão. O fato é que mais uma vida nos foi tomada pela irresponsabilidade NOSSA. Porque muita coisa ainda não funciona em Campo Maior? Porque animais continuam a transitar em meio aos humanos, em vias públicas? Porque não há rigor em nossas leis, no Código de Postura do Município, na forma em que tratamos os transgressores da lei? A gestão tem mesmo que ser cobrada! Existe um passado de irresponsabilidade dos criadores de animais em Campo Maior, que tem desafiado e vencido a prefeitura, o Poder Público, etc. Mais precisa ser feito párea que tragédias como essa não se tornem uma constante em nosso município.


Acredito que a reflexão sadia e objetiva tem lugar quando um evento trágico como esse acontece, afinal, precisamos questionar o sistema, analisar, e desenvolver vias que melhorem a vida da comunidade. Mas o que vimos ontem e hoje é um completo descompasso político, que se aproveita com mero fins políticos para tirar proveito pessoal e partidário do triste acidente fatal. A oposição ataca o prefeito sem misericórdia, mas não percebe que suas ações apenas revelam quem são: abutres do poder! Se mais pessoas morrerem, que prato cheio para os opositores do governo. Mais arsenal para atacar a administração. Mais conchavos políticos, mais reuniões, mais estratagemas. A questão toda para eles é: como podemos usar essas tragédias politicamente, para atacar a o governo? 


Esse é o nível da política local hoje em Campo Maior. O Poder pelo poder! Não importa os meios que se chegue ao poder, o que importa é chegar lá. Uma política bem ao estilo Maquiavel. Temos muitos leitores de O Príncipe na nossa política, mas pouquíssima sensibilidade ao sentimento alheio. Um amigo, questionando meus argumentos, disse: “mas isso é política. Não se ganha eleição sem atacar o adversário, sem execrá-lo”. Bem Maquiavélico mesmo. Os portais de notícia, que deveriam servir para informar de modo imparcial, se posicionam e usam as notícias apenas como máscaras, pois o que interessa mesmo é defender seu afago político e continuar recebendo sua parte na corrupção. 


Oposição e governo precisam abrir um diálogo descente e mudar a forma de fazer política. Nos Estados Unidos, após as eleições, o vencedor abre espaço em seu governo para que a oposição participe e as forças e inteligências se juntam para o bem do país. Mas isso, claro, só acontece em país de primeiro mundo... e enquanto pensarmos assim, será assim. Políticos que estão no poder e aqueles que almejam um cargo eletivo, antes de pensar em seus interesses precisam pensar no interesse do povo que representam. Quanto ao ocorrido com o Paulinho, o governo precisa tomar uma providencia para conter o já intolerável numero de animais nas ruas da cidade, mas ele precisa da ajuda da população e da oposição, para o bem maior de todos. Chega da política que só age para desfazer o que já foi feito pelo seu gestor anterior; chega da política do “falar mal”, da desconstrução, precisamos urgentemente de políticos positivos, inteligentes, capacitados e quem tem habilidade para dialogar. Lembro bem quando árvores plantadas durante o dia foram quebradas e arrancadas pela raiz, em clara resposta da política suja. Marquem os abutres da política local eleitores, e aniquilem essa raça de aproveitadores da vida pública. O choro e o lamento pela morte do Paulinho continuam, mas a reflexão e a cobrança responsável também devem continuar.    

 

Por Marcus Paixão