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A fala de Lula sobre o narcoterrorismo é um tiro no pé e mais munição aos adversários

 Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula ficou calado, mas resolveu falar. E teria sido melhor ter continuado calado. As declarações do presidente sobre o confronto entre as forças de segurança e integrantes do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, soaram, no mínimo, desconectadas da realidade concreta vivida pelo país.

Enquanto moradores de diferentes comunidades cariocas, em pesquisas divulgadas pela imprensa, apontaram aprovação majoritária à ação policial contra criminosos fortemente armados, com percentuais que variam entre 70% e 80% de apoio, dependendo da comunidade pesquisada, o presidente preferiu seguir por um caminho discursivo que parece ignorar completamente o sentimento das pessoas que vivem diariamente sob o domínio de facções.

Primeiro, Lula classificou a operação como “matança” e “desastrada” e afirmou que era necessária uma investigação da Polícia Federal, insinuando falhas graves das polícias estaduais e colocando em dúvida a competência de agentes, delegados e comandantes que atuaram numa das regiões mais perigosas do país. A fala gerou mal-estar institucional e sugeriu desconfiança gratuita sobre profissionais que arriscaram a vida em uma operação na qual quatro policiais foram mortos.

Segundo, em outra declaração, o presidente afirmou que o governo federal estudo formas de apoiar as famílias dos 117 narcoterroristas mortos, sem mencionar em nenhum momento auxílio às famílias dos policiais assassinados em serviço. A assimetria moral dessa fala é, por si só, devastadora. O chefe de uma nação corroída pela violência lamenta publicamente pelos criminosos, mas silencia diante dos agentes que morreram defendendo a população.

Diante disso, fica a pergunta bem popular: Lula vive em qual planeta?

Enquanto seu partido já sofre, ainda que sem provas, acusações de simpatia com o crime organizado, e enquanto opositores exploram ao máximo a narrativa de que o PT “defende bandidos”, o presidente perde a chance de se alinhar institucionalmente ao combate ao crime organizado. Em vez de se unir aos governos estaduais para fortalecer uma guerra nacional contra facções que hoje atuam como verdadeiros grupos narcoterroristas, Lula insiste em falas que reforçam exatamente a crítica que seus adversários exploram há anos.

É tiro no pé e oferta de mais munição política de bandeja aos adversários.

E cabe ainda perguntar: essa posição decorre do fato de que seu principal adversário político se apresentar como defensor das polícias, do cidadão armado e dos militares? Ou é outra teoria já disseminada pelos opositores de que Lula quer eliminar todo político que ganha destaque? Sim! Cláudio Castro ganhou a simpatia de milhões de brasileiros. Se for isso, trata-se de um equívoco estratégico profundo de Lula. No Rio, a operação não envolveu apenas militares: houve atuação da Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público e Judiciário. Reduzir a ação a um “ato militar-partidário”, contra o qual seria preciso reagir politicamente, é ignorar a complexidade institucional do Estado brasileiro.

A operação, que fique claro, tinha o objetivo de prender criminosos perigosos. Mas esses criminosos receberam o Estado a bala, e o Estado reagiu. É assim que deve ser. Isso não é política, é a lógica mínima de preservação da ordem pública.

A crítica, no entanto, não é apenas ao presidente. É também a quem embarca no discurso artificial de “matança”, “chacina”, “invasão de favela e matar negro pobre...” Ignorando que houve um confronto armado provocado pelas facções, não uma execução sumária planejada pelo Estado. Lula e sua trupe tratar a reação estatal com todos esses adjetivos é uma distorção que só beneficia o crime organizado, que vive exatamente do enfraquecimento das instituições.

Quando representantes do Estado são mortos em serviço e o presidente silencia sobre suas famílias, mas abre espaço para discutir apoio aos familiares de criminosos, o sinal enviado é terrível. Não para a militância política, que gosta de ouvir e reproduzir qualquer falácia, mas para a população que vive nas comunidades, sendo expulsas de suas casas, pagando tributos além dos já altos cobrados pelo Estado legal. Para os agentes públicos que arriscam a vida e para todo o país que busca diminuir o poderio das facções.

É difícil entender como o governo federal não percebeu a dimensão do erro. E mais difícil ainda é compreender como, diante de um episódio que poderia fortalecer a resposta nacional ao crime organizado, o presidente optou por um discurso que fragiliza a própria autoridade do Estado.

Em momentos assim, o Brasil precisava de firmeza. Ganhou hesitação. Precisava de liderança. Recebeu ambiguidade. Precisava de união institucional. Recebeu ruído político.

E isso, inevitavelmente, tem um custo político, institucional e moral. 2026 vêm aí e não reclame, senhor Lula, quando seus adversários disserem que você e seu PT defendem bandidos.

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