O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava viajando na terça-feira, quando policiais civis e militares tentaram cumprir mandados contra narcoterroristas do Comando Vermelho em duas favelas do Rio de Janeiro. Drones jogando bombas sobre os policiais, homens usando roupas de guerrilha e armamentos pesados foram respondidos pelas forças de segurança. 117 criminosos e 4 policiais foram mortos. Lula não estava no Brasil e ficou mais de 24 horas sem se pronunciar sobre a guerra, chegando a alegar, segundo jornalista da TV Globo, falta de internet.
Mas nesta terça-feira ele veio a público e acusou as polícias do Rio de “matança” em uma operação, segundo ele, desastrosa. Ele também desqualificou o trabalho da polícia científica do Rio, que fez procedimentos legais nos corpos dos traficantes, e disse que legistas da Polícia Federal participem da investigação sobre a operação.
"Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança", disse o presidente em entrevista à Associated Press e à Reuters, durante viagem a Belém (PA). Lula não comentou sobre os 4 policiais mortos nem as ações de terror que os traficantes fizeram contra os policiais.
Segundo Lula, seu governo está articulando para que legistas da Polícia Federal participem do processo de investigação sobre as mortes [de traficantes] durante a atividade policial. O STF fará uma audiência nesta quarta-feira (5) para tratar do caso.
"Nós estamos tentando essa investigação. Inclusive estamos tentando ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muitos discursos, tem muita coisa", argumentou.
"Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela polícia, contada pelo governo do estado, e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação", continuou Lula, dando a entender que os narcotraficantes devem também ser ouvidos, já que a versão oficial da segurança pública não é suficiente para ele.
No dia seguinte à operação, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), disse que a operação "foi um sucesso" e que as únicas vítimas foram os quatro policiais que morreram nos confrontos.
"O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa", prosseguiu Lula, ainda durante a conversa com agências internacionais.
Fala anterior de Lula
Na semana passada, logo depois da ação policial, Lula publicou nas redes sociais uma mensagem defendendo o combate ao crime organizado, mas evitou criticar a atuação do governo do Rio ou das forças de segurança estaduais.
"Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco", disse, à época.
Opinião pública
Uma pesquisa Quaest divulgada nessa segunda-feira (3) mostra que 85% dos moradores do estado do Rio de Janeiro apoiam aumentar a pena de prisão para condenados por homicídio a mando de organizações criminosas.
A maior parte dos cidadãos do estado aprova a operação realizada (64%). Outros 72% concordam em enquadrar o crime organizado como organização terrorista.





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