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  11:20

Com a proximidade da vacinação infantil em Campo Maior, aumenta a incidência de compartilhamento de conteúdo antivacina nos grupos de whatsapp

Autores tentam mostrar preocupação sincera, mas pecam ao dar crédito a conteúdos duvidosos

 

Nos últimos dias o país se surpreendeu com o pedido de prisão impetrado pelo advogado Wilson Koressawa, do DF, em desfavor do jornalista William Bonner, da Rede Globo. Segundo o advogado, o âncora do JN cometia crime contra a saúde pública por incentivar a vacinação infantil. Obviamente essa ação não foi levada a sério e foi devidamente negada e ainda classificada como descabida pela juíza que a analisou. 

Desde quando começou-se a falar de vacinação contra a Covid-19, uma pequena, porém, barulhenta parcela da sociedade se levantou contra, sob várias justificativas. Algumas até razoáveis, outras totalmente alienadas e sem cabimento. Sites de verificação de notícias por todo o país nunca trabalharam tanto. Aliás, nesse momento de pandemia é que esse tipo de editorial se popularizou, dada a grande quantidade de textos e vídeos com conteúdo negacionista e antivacina sendo compartilhados todos os dias nas redes sociais.

Considera-se ainda mais nocivo quando esse tipo de conteúdo é repassado em grupos de whatsapp. Tais grupos são populares nas cidades. Grupos familiares, grupos de bairros, de notícias e fofocas, etc. E não é diferente na cidade de Campo Maior. Basta dar uma visualizada rápida em um desses grupos e logo você se depara com um conteúdo assim. Sempre em tom alarmista, a pessoa que compartilha parece nutrir uma preocupação sincera com a saúde de familiares e amigos. Mas peca por dar ouvidos a informações que poderíamos classificar como vindas do submundo da internet, ao invés de ouvir quem realmente tem autoridade para falar no assunto, como nosso Ministério da Saúde e a nossa ANVISA, por exemplo. 

Em um vídeo compartilhado no dia 17 de janeiro, um homem trajado de médico aconselha seus pacientes a não vacinar suas crianças. A pessoa ali não apresenta razões específicas, mas pede que seus seguidores pesquisem o que diz um certo Dr. Zeballos e citou o programa Direto ao Ponto, da TV Jovem Pam News. Uma pesquisada rápida e descobrimos quem é o Dr. Zeballos. Trata- se de um imunogista que, desde o início da pandemia, aderiu a uma ala radical, afeita a conspiracionismos e a defesa do uso sistemático de medicação não recomendada pelos órgãos de saúde. O nome Roberto Zeballos é citado no site projetocomprova.com.br. Abaixo, um trecho onde o imunologista é mencionado:

"São enganosas as afirmações do médico Roberto Zeballos em vídeo postado em seu perfil no Instagram em 10 de agosto sobre a covid-19. Já na legenda ele minimiza a importância da variante delta ao escrever que ela 'é pouco agressiva'. Identificada no Brasil em maio, ela já matou ao menos 50 pessoas por aqui. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela circula em mais de 111 países e pesquisas mostram que ela tem nível de transmissibilidade cerca de 50% maior do que as variantes anteriores do Sars-CoV-2."

A TV Jovem Pam News tem se destacadado no esforço de reunir o maior número de comentaristas em saúde que são sabidamente antivacina. Parece haver um direcionamento proposital em agradar essa parcela da sociedade que dúvida e ataca a maioria dos métodos utilizados no combate a pandemia. Um grupo mais afeito às opiniões do presidente da República.

Quanto à vacinação infantil, veja o que declarou a imunologista e membro da diretoria da Sociedade de Pediatria do DF (SPDF), Cláudia Valente, a CB.Saúde em 7 de janeiro:

"Se a vacinação foi autorizada pela Anvisa nessa faixa etária de 5 a 11 anos, e com embasamento de todas as sociedades médicas, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Imunizações, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, todos os médicos, cientistas e pessoas que fazem pesquisas e estudam têm unanimidade em dizer que a vacina é eficaz e é segura."

Portanto, muita cautela com relação a conteúdos compartilhados no grupos de whatsapp. Não é porque a pessoa que fala contra a vacinação está de jaleco que suas afirmações são necessariamente verdadeiras ou precisas.

 

Sites mencionados:

projetocomprova.com.br

correiobraziliense.com.br