Um ciclone extratropical, descrito pela empresa de meteorologia MetSul como "poderoso" e "incomum", vai atingir estados do sul, centro-oeste e sudeste do Brasil nos próximos dias, em um cenário de grande perigo.
Há risco de tempestades e vendavais com potencial para danos a partir desta segunda-feira (8/12). Rajadas de vento acima de 100 km/h poderão ocorrer principalmente em áreas de litoral e regiões mais elevadas das serras do sul do país.
A formação coloca em "altíssimo risco" o estado do Rio Grande do Sul, que sofrerá com temporais, chuva excessiva e ventos intensos por 24 a 36 horas seguidas, aponta a MetSul.
"Desenha-se uma sequência de dias de altíssimo risco meteorológico entre a segunda e a quinta-feira, quando o ciclone começará a se afastar", informou.
Segundo meteorologistas, esse ciclone é incomum por vários motivos: época do ano em que ocorre, formação sobre o continente, a trajetória errática e a pressão excepcionalmente baixa, o que aumenta sua intensidade.
"Quanto mais baixa pressão em um certo local, mais forte o vento vai soprar, ou seja, mais alta vai ser a sua velocidade e maior o desenvolvimento de nuvens carregadas", explica Gustavo Verardo, meteorologista do ClimaTempo.
Verardo destaca que é esperado um ciclone de forte intensidade, alcançando valor mínimo de pressão atmosférica abaixo de 1000 hPa (hectopascal).
No Rio Grande do Sul, a pressão em terra pode chegar a 985 hPa a 990 hPa, valores considerados "excepcionalmente baixos e raríssimos".

Luiz Fernando Nachtigall, meteorologista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), afirma que um ciclone com esses valores durante o inverno já é capaz de produzir muitos problemas, mesmo com a atmosfera mais estável pelas baixas temperaturas da estação.
"Imagine um sistema com os mesmos valores de pressão avançando sobre uma atmosfera extremamente aquecida e que vem trazendo marcas ao redor e acima de 40ºC", escreveu Nachtigall em texto publicado no portal do MetSul.
"Trata-se de uma combinação explosiva e de altíssimo risco de tempo severo. Se confirmados [os valores de pressão], serão os menores desde o furacão Catarina, de 2004."
Onde e quando o ciclone se forma?
A formação do ciclone extratropical se dá diante da intensificação de uma área de baixa pressão atmosférica entre o sul do Paraguai, o nordeste da Argentina e o Rio Grande do Sul.
Segundo Verardo, o sistema está se desenvolvendo nesta segunda-feira no norte da Argentina e vai atravessar o Rio Grande do Sul na terça-feira (9/12), com reflexos nos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte de Minas Gerais.
O ciclone virá acompanhado de uma frente fria e temporais isolados. No leste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, a chuva pode chegar a 100 milímetros em 24 horas, ocasionando alagamentos e inundações.
Na quarta-feira (10/12), o ciclone estará inteiro em alto-mar, no Oceano Atlântico. É quando, segundo o meteorologista, haverá ocorrência de rajadas de vento fortes. Em São Paulo, o vento pode chegar a 90 km/h na capital.
"Terça e quarta serão dias de condição de tempo severo, por conta da ocorrência de tempestade associada a esse ciclone", destaca Verardo.
"Podemos ter ocorrências de destelhamento de residências, queda de postes, falta de energia elétrica. Um impacto mais relacionado à falta de energia."
Diante desse cenário, os meteorologistas orientam que as pessoas sigam orientações da Defesa Civil em cada estado e fiquem atentas aos alertas emitidos, sobretudo em relação aos ventos fortes.
"O ciclone é uma área circular de ventos, que gira sentido horário, e com pressão atmosférica baixa. Sua principal característica são rajadas de vento. É bastante intenso e pode causar muitos estragos", alerta Verardo.
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi alvo de um evento meteorológico extremo. Enchentes históricas destruíram parte do estado, causando a morte de 185 pessoas.
Segundo o governo gaúcho, as chuvas intensas atingiram mais de 400 dos 497 municípios. Centenas de milhares de pessoas ficaram desalojadas.
A situação foi classificada como "a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul".
Recentemente, a passagem de um tornado pelo Paraná deixou seis mortos e destruiu 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do estado.
Os ventos chegaram a 250 km/h, destelhando casas, danificando imóveis e derrubando postes de energia.
Segundo a Defesa Civil, cerca de750 ficaram feridas e mais de mil moradores foram desalojados.
Segundo meteorologistas, o fenômeno foi causado pelo nascimento de um ciclone extratropical que atingiu Sul do país.



Comentários (0)
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Comentar