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  13:15

Drogas e álcool são determinantes para suicídio no Piauí, diz jornal

Entre outros motivos, o estudo aponta que crise financeira e fracassos na vida amorosa também podem levar a pessoa a praticar o ato

 

O suicídios continuam a aumentar em Teresina, a capital piauiense é uma das cidades brasileiras, proporcionalmente, com maiores casos deste tipo de óbito. Levantamento feito pelo Jornal Meio Norte junto à Fundação Municipal de Saúde (FMS) e ao Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que de janeiro a julho deste ano foram registrados 34 suicídios, a maioria de pessoas do sexo masculino.

 

Os pesquisadores das instituições universitárias do Piauí começaram a produzir teses de mestrado, de doutorado e artigos sobre os suicídios em Teresina e no Estado na tentativa de buscar soluções para o problema.

 

O psicólogo e psicoterapeuta Carlos Henrique de Aragão Neto, doutor em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB) e membro associado da Internacional Association for Suicide Prevention, mostra em seu estudo “A interface entre o uso do álcool e outras drogas e a tentativa de suicídio: estudo de caso em Teresina – PI” que o consumo de álcool e outras drogas tem uma implicação importante nos indivíduos. Eles desenvolvem uma ideação suicida, evoluem para um plano e decidem tentar tirar a própria vida.

 

Entre outros motivos, o estudo aponta que crise financeira e fracassos na vida amorosa também podem levar a pessoa a praticar o ato. Ele relata o caso de Romeu, que havia tentado suicídio, no início de agosto de 2012. Indagado por Carlos Henrique de Aragão Neto quais os motivos que o levaram a tentar suicidar-se, Romeu apontou de imediato a separação de sua mulher e o acúmulo de dívidas, como os pontos principais que tornaram a vida insuportável.

 

Romeu lembra que tinha um pai abusivo que espancava todos os outros quatro irmãos, mas com ele a perversidade paterna era maior porque, para não ser espancado, sumia de casa durante todo o dia.

 

“Lembro que ele (pai) ia me pegar pra bater e eu corria, ficava o dia todo fora de casa, quando eu chegava à noite, ia tomar banho, ele me esperava banhar e jantar. Depois, me batia com o cinto virado ao contrário, para pegar o lado da fivela, chegava a cortar”, relatou.

 

“Se há uma variável apontando o dado de que o abuso de álcool e outras drogas é sim fator de risco para o suicídio, e outra apontando para o abuso dessas substâncias desde o início da adolescência, percebe-se que essa equação pode sugerir um dos motivos do crescimento das taxas de suicídio e das tentativas no grupo etário de jovens e adultos jovens. Cabe-nos, portanto, buscar mecanismos mais efetivos no combate a esses graves problemas de saúde pública - abuso de álcool, de outras drogas e suicídio - que tanto comprometem a homeostase do sistema familiar brasileiro, ou seja, um futuro melhor para a nação”, concluiu o pesquisador.

 

Números

Segundo a Fundação Municipal de Saúde, os óbitos por suicídio ocorridos com residentes de Teresina no 1º quadrimestre – de janeiro a abril de 2016, foram 21, o maior número de suicídios na história da capital piauiense nos últimos três anos.

 

A FMS informou que no primeiro quadrimestre de 2014 foram registrados 18 suicídios de residentes de Teresina e no primeiro quadrimestre de 2015, 20 suicídios de residentes em Teresina.

 

As estatísticas da Fundação Municipal de Saúde excluem as mortes por suicídio de pessoas que tentaram a morte em outras cidades ou Estados e foram atendidas por hospitais da capital, como o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e morrem durante a tentativa dos médicos de salvá-las. O IML registrou cinco suicídios em Teresina no mês de maio deste ano; cinco em junho, e três em julho.

 

Fonte: Jornal Meio Norte 

Por Otávio Neto

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