Os dois homens presos durante uma operação do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), realizada na sexta-feira (23) durante o evento “Fazenda 3” — que reuniu cerca de 30 influenciadores em um sítio na zona rural de Teresina — foram soltos após audiência de custódia. A Justiça do Piauí concedeu liberdade mediante o cumprimento de medidas cautelares. (Entenda o caso abaixo) 

A decisão foi assinada no sábado (24) pelo juiz João Manoel de Moura Ayres, da Vara do Núcleo de Plantão de Teresina. O magistrado homologou os flagrantes, mas entendeu que “o estado de liberdade dos autuados não corresponde, por ora, a um risco concreto para a ordem pública.”

Apesar da soltura, foram impostas medidas cautelares diversas da prisão, entre elas:

• Comparecimento obrigatório em juízo sempre que forem intimados;
• Proibição de mudança de domicílio sem prévia comunicação à Justiça (art. 319, IV, do CPP);
• Proibição de divulgação e realização de eventos de qualquer natureza;
• Proibição de contato com todos os participantes do evento onde ocorreram as prisões;
• Desativação, em até 24 horas, de perfis nas redes sociais como Instagram e WhatsApp, por tempo indeterminado.

Delegado do Draco detalha atuação criminosa

Em entrevista ao Notícia da Manhã nesta segunda-feira (26), o delegado Eduardo Aquino, do Draco, explicou que os organizadores da festa estavam fornecendo drogas aos participantes.

“A gente teve informações que os donos da festa estavam colocando droga para essas pessoas. O dono foi preso e autuado em flagrante, a mulher dele também foi conduzida, mas ele acabou excluindo ela durante os depoimentos, ele assumiu juntamente com um outro indivíduo que estava no local, com diversas passagens inclusive pela polícia. O outro preso seria dono daqueles paredões de som que estava no local e que teria ido juntamente com o dono da festa buscar droga em um determinado local para fazer o abastecimento desse material”, destacou o delegado.

Lokinho diz que havia promessa de drogas diárias

Entre os presentes no evento estava o influenciador Pedro Lopes, mais conhecido como “Lokinho”, que se envolveu em um grave acidente na BR-316, em outubro de 2024, que resultou na morte de duas mulheres. Em depoimento à Polícia Civil, Lokinho afirmou que os responsáveis pela festa prometeram fornecer drogas diariamente aos participantes.

“[Prometeram entregar] 50g por dia de Skank”, disse o influenciador.

Entenda o caso

A operação foi deflagrada com o objetivo de cumprir um mandado de prisão contra a influenciadora digital conhecida como “Lalazinha”, de 19 anos. Foragida da Justiça, ela é suspeita de integrar uma organização criminosa com atuação em Teresina.

“Lalazinha” era o último alvo em aberto da Operação Faixa Rosa. Segundo a polícia, a jovem — apelidada nas redes sociais de “blogueira do crime” — usava seus perfis digitais para divulgar armas, drogas e mensagens desafiando as autoridades. Conforme o Draco, ela desempenhava um papel estratégico no grupo, utilizando sua influência para glamorizar a vida criminosa e atrair jovens.

A influenciadora foi localizada sem resistência e conduzida à sede do Draco, onde foram adotados os procedimentos legais.

A ação contou com o apoio da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão Especial de Policiamento do Interior (Bepi), da Polícia Militar.