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  22:08

Comerciante de Teresina recebe como motorista em Jatobá do Piauí

 

Um pequeno comércio de gêneros alimentícios e limpeza, frutas e frios, localizado no Bairro Matinha, próximo ao Campus da UESPI no Pirajá, em Teresina-PI. É lá que Cléber Sousa de Carvalho trabalha todo dia, junto à sua família. Mas ele recebe salário como funcionário da prefeitura municipal de Jatobá do Piauí (município a 134 km ao norte de Teresina). Cléber recebe salário como motorista lotado no gabinete do prefeito Zé Carlos Bandeira (PT).

A situação de Cléber pode não ser a única, segunda a denúncia feita ao Em Foco. A lista de funcionários fantasmas incluiria pessoas que se dizem líderes comunitários, dois suplentes de vereadores, a esposa de um vereador, um primo, um sobrinho e o genro do prefeito.  Todos foram nomeados por portarias como assessores no gabinete ou em secretarias e departamentos, como na Agricultura e no Esporte, mas nenhum presta qualquer tipo de assessoramento nem comparece a nenhuma repartição do município, segundo a denúncia.

Cléber já recebeu do município, de março de 2017 a novembro de 2019, a quantia de R$ 25.003,00 (vinte de cinco mil e três reais) como motorista do gabinete do prefeito.

No ano de 2017, o primeiro da atual gestão, Cleber recebeu seu primeiro vencimento em 29/03/2017. Valor líquido: R$ 937,00. Seu último salário de 2017 foi no mês de novembro como “serviços prestados como motorista no gabinete do prefeito”.

No ano de 2018 o vencimento foi para R$ 954,00, mas os pagamentos se repetiram nos mesmos meses, de março a novembro.

No ano de 2019, os valores empenhados foram de R$ 998,00, mas o líquido foi bem superior chegando a R$ 1.996,00. Em 2019 não foi pago o salário do mês de setembro.

Os dados se encontram nas prestações de contas da prefeitura, enviadas ao Tribunal de Contas do Estado.

Cléber tem endereço nas notas de serviços da prefeitura como sendo morador do Povoado Montanhas, mas mora em Teresina. Ele é natural da Comunidade Santa Rosa, na zona rural de Jatobá do Piauí, e é bem atuante nas redes sociais defendendo a gestão do prefeito Zé Carlos. Ele também se autodeclara como pré-candidato a vereador em 2020.

Segue abaixo lista de pagamentos consolidados dos anos de 2017, 2018 e 2019 e de uma nota de serviços exemplificando como os pagamentos foram efetuados

O OUTRO LADO

O Em Foco entrou em contato com a secretária de administração e finanças do município, Larissa Bandeira, filha do prefeito. É a sua pasta a quem o motorista deveria ser subordinado. Perguntado onde o motorista estaria lotado, Larissa se limitou a dizer que "a respeito da lotação, você entra em contado com a pasta administrativa ou até mesmo diretamente com o prefeito. E por mais que a resposta seja bem esclarecedora, vocês sempre vão colocar a matéria de forma que a gente saia prejudicado. Site de oposição sempre é assim. Mas você pode tá novamente com eles". Agradeceu o contato e encerrou a conversa.

A reportagem tentou por várias vezes ouvir o prefeito Zé Carlos Bandeira, mas as ligações não foram atendidas.

Larissa e o pai. Secretária e prefeito foram quem assinaram as notas de serviços do motorista

NOTA DA REDAÇÃO

A redação do Campo Maior Em Foco sempre tratou todas as autoridades citadas em qualquer matéria com o mesmo peso: o peso do bom jornalismo. Por isso, toda vez é dado voz as pessoas citadas. Mas é uma velha estratégia de gestores que cometem atos ilícitos terem a impressa como adversária e, principalmente, fugir das perguntas, se vitimizando e descreditar uma informação baseada em documentos que a própria gestão produz. Para esse tipo de gestor, a imprensa vai sempre ser adversária.

MINISTÉRIO PÚBLICO RECOMENDOU DEMISSÃO DE CONTRATADOS

Em setembro do ano passado, o promotor Mauricio Gomes de Sousa, da Comarca de Campo Maior, expediu recomendação ao prefeito de Jatobá do Piauí, José Carlos Gomes Bandeira para que o gestor determine a imediata exoneração/demissão/afastamento de toda e qualquer pessoa atualmente investida em cargo ou emprego público sem aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos.

O MPPI considerou inquérito civil que apontou uma servidora nos quadros da prefeitura, apesar dela não ter possuído qualquer vínculo legítimo efetivo ou temporário no município.