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  13:01

BALÉ DE LEMBRANÇAS

Lentamente fechei a porta da memória que estava escancarada, travei a janela da alma que ficara entreaberta e prometi pra mim mesma que nunca mais abriria a guarda para o sofrimento! eu me amo e mereço ser feliz.

 foto encontrada na internet

Era noite fria e eu já estava deitada esperando o Sono que vinha aos poucos se aproximando, quando senti que uma claridade sutil adentrava meu quarto vinda de uma fresta da janela! 

Incomodada com aquilo e sem pensar direito, abri um pouco a janela para conferir de onde vinha aquela réstia de luz, foi quando avistei uma metade de lua que brilhava soberana no céu, e, escancarando as portas de minha distração a meia lua invadiu meu quarto iluminando a minha Solidão inteira, cuja presença me acompanha há muito tempo, como uma sombra. 

Puxou-a pela mão e saíram as duas a rodopiar pelo quarto até encontrarem escondido em um canto o baú de minhas lembranças! 
Mexeram, remexeram, viraram, tripudiaram em cima de mim revirando tudo até encontrarem lá no fundo aquela Saudade que eu havia expulsado do peito para dar lugar ao Esquecimento. Eu me julgara já livre dela! Jurava que ela havia ido embora! Qual nada, ela estava ali mais presente e mais vigorosa do que nunca. 

Não satisfeitas com isso, agora juntas, a Lua, a Solidão e a Saudade fizeram ciranda com minhas memórias! Trouxeram à tona histórias, cenas, momentos, pessoas, músicas, lugares e sentimentos adormecidos... Enquanto gargalharam e zombaram de mim me obrigaram a ficar acordada enxugando as lágrimas teimosas, inoportunas e oportunistas que vinham sem serem convidadas!

Quanta crueldade! 

Já era madrugada quando a Lua, talvez já cansada, partiu me deixando por companhia a velha e conhecida Solidão que, aliada à Saudade, esta também se recusou a sair, ocuparam minha cama, meu quarto, meu coração e minha vida!

Não consegui pegar no sono, que se manteve bem afastado de mim, olhando em siêncio, e quem sabe, até aplaudindo aquele balé de lembranças...

Quando o dia nasceu me encontrou de pé, decidida a jogar fora os resquícios que sobraram da farra da noite passada! Fiz uma limpeza geral, varri para longe cada pedaço de lembrança, cada caco de ilusão e pus em ordem aquela desordem feita em meu peito pelas emoções. 

Tomei consciência de que sou dona de mim e que já é hora de mudar aquele cenário. Lentamente fechei a porta da memória que estava escancarada, travei a janela da alma que ficara entreaberta e prometi pra mim mesma que nunca mais abriria a guarda para o sofrimento! Eu me amo e mereço ser feliz.

Rodopiei pelo quarto enquanto cantava uma música alegre, pois é isso que eu mereço: Alegria, Felicidade e Paz