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  15:28

Histórias como das famílias que cruzam rio cheio em Campo Maior é comum na região

 

O fantástico de ontem (11) mostrou uma realidade comum no Piauí e no Nordeste em período de chuvas: pessoas que cruzam rios e riachos cheios d’água para chegar às escolas, casas de familiares ou mesmo ir ao trabalho. Por mais que pareça absurdo, a rotina é comum para quem mora no interior das cidades e os próprios moradores ribeirinho já se acostumaram há décadas e décadas, gerações e gerações nadando nos rios.

As cenas e a repercussão delas mostram que o brasileiro não conhece seu próprio país e que a indignação é passageira. Talvez o maior símbolo do atraso  desenvolvimentista do país, em termo de infraestrutura, seja a rodovia Transamazônica, que liga toda a região Norte ao resto do Brasil. Iniciada na década de 70, até hoje a obra se encontra inacabada; a Ferrovia Transnordestina, iniciada em 1997, até hoje é apenas promessas dos governos; e em nível de Piauí, o Porto de Luís Correia, iniciado em 1976, está até hoje parado sem conclusão, demonstrando que precisamos de várias outras “pontes para o progresso” em nosso Estado, em nosso país.

Na história mostrada no Fantástico, sobre moradores da zona rural de Campo Maior, a cena é repetida há 100 anos, conforme o morador mais velho da comunidade fala na reportagem. Mas se for buscar a fundo, será encontrado histórias de 500 anos de quem precisa se aventurar nas águas dos riachos da região. Com a modernização, a informação chegando mais rápido, é natural que todas as comunidades isoladas queiram e reivindiquem pontes, passagem molhada, bueiros (manilhas) e outros benefícios. Afinal, a carga tributária do Brasil é uma das mais altas do mundo.

O caso das 19 famílias da Comunidade Passagem da Negra, que precisam cruzar o rio Longá em Campo Maior, repercutido nacionalmente, é um grão de areia nos oceanos do mundo. Igual a este problema, tem vários na mesma região, amenizados nos últimos anos. Recentemente, a prefeitura de Campo Maior fez duas pontes nas Comunidades Lagoa Seca e São Pedro, que há anos viviam situação semelhante. A politização do fato [como vem ocorrendo] também não ajuda e nem é a melhor saída, pois todos os que enchergam uma propaganda pessoal, já estiveram na prefeitura de Campo Maior e nem um bargo mandaram à aquelas pessoas. Unir força e solucionar o problema seria mais viável.

REVEJA MATÉRIA DO FANTÁSTICO

MORADORES TENTARAM DESTRUIR O BARCO QUE SERIA PARA AJUDÁ-LOS

O Coordenador da Defesa Civil de Campo Maior, Edilson da Vargem, disse que o rio enche e seca muito rápido. Ele afirmou que um barco foi levado para fazer o transporte das crianças que aparecem na reportagem, mas que já foi recolhido por dois motivos: o primeiro é que se não chover, a água do rio fica na altura do joelho, inviabilizando o barco de andar; o segundo, e gravíssimo, é que homens da comunidade tentaram quebrar o barco.

DEPUTADA PROMETEU A PONTE EM REUNIÃO COM O PROFESSOR QUE DENUNCIOU O CASO 

Um vídeo semelhante ao que gerou toda a repercussão foi postado nas redes sociais em 2016. O vídeo deste ano, que foi parar nos principais canais de TV nacionais, foi gravado pelo professor Jefferson David Evangelista de Abreu. Ele foi candidato a vereador em Campo Maior na eleição de 2016 e teve 95 votos. Na eleição estadual de 2014, Jefferson reuniu a comunidade e apresentou a deputada estadual Liziê Coelho. A então candidata prometeu a referida ponte, mas não passou de promessa eleitoreira.

PONTE CUSTA 2 MILHÕES E JÁ TEVE EMENDA DE 500 MIL

O então deputado federal Marlos Sampaio destinou uma emenda de r$ 500 mil reais para construir a ponte na comunidade. Segundo a prefeitura de Campo Maior, o recurso foi enviado para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), que deveria executar a obra. Um projeto executivo chegou a ser feito e o orçamento estipulado em dois milhões de reais. Como o recurso era insuficiente, acabou sendo devolvido aos cofres do Governo Federal.  

PREFEITURA PROMETEU PASSAGEM MOLHADA

A Prefeitura de Campo Maior prometeu uma ação que diminua os riscos para quem faz a travessia no local. Inicialmente, destinou um barco com profissionais da Defesa Civil para fazer o transporte das pessoas quando o rio estiver cheio, mas, como já dito pelo Coordenador da Defesa Civil, homens da comunidade tentaram destruir a embarcação. A segunda tentativa é uma passagem molhada que custaria cerca de R$ 300 mil reais. Um projeto está sendo preparado pela prefeitura para buscar parceria com o governo do estado.

SITUAÇÃO NÃO É RARA NA REGIÃO

Apesar da região de Campo Maior não ser de áreas alagadiças, é repletas de rios e as cenas mostradas no Fantástico não é incomum na região.

SIGEFREDO PACHECO

Centenas de alunos de várias Comunidades, que estudam no colégio do Povoado Baixinha, ficam sem ir a escola quando o rio Tinguis fica cheio. Assim como na Passagem da Negra em Campo Maior, é preciso esperar a água baixar para seguir viagem. Por dois caminhos alternativos existem uma passagem molhada e a parede de uma barragem que serve para amenizar, mas quando o volume d’água é grande, não passa ninguém. Uma ponte foi iniciada no segundo governo de Wellington Dias, foi trocado uma placa no de Wilson Martins, mas a obra parou.

Uma ponte foi iniciada pelo Governo do Estado, mas nunca foi concluida. Quando o rio fica cheio, ninguém vai, nem vem

BOQUEIRÃO DO PIAUÍ

Em Boqueirão do Piauí, no mesmo rio Longá, na Comunidade Faveira, até já tem uma passagem molhada, porém quando o rio fica cheio as pessoas também só passam se for de barco. No mesmo município, uma passagem molhada que foi levada pela água é outro exemplo. Sem ela, as pessoas precisam de outro caminho.

CAPITÃO DE CAMPOS

A parede da Barragem Oiteiro serve de passagem molhada para que pessoas trafeguem na região, mas quando a correteza fica forte, ninguem passa. Recentemente, o Em Foco mostrou flagrante de uma motocicleta sendo levado pela água. Por sorte, o piloto não se feriu e pescadores recuperaram o veículo.

 

JATOBÁ DO PIAUÍ

A Comunidade Beira do Rio é cortada ao meio por um rio e, apesar de ter um pontilhão construído por fazendeiros da região, muitas famílias vivem indo e vindo de canoas pelo rio. No período de maior cheia, a água chega a alagar grandes áreas das margens, transformando a região em um pequeno pântano.

Comunidade Beira do Rio é cortada por um rio e moradores circulam o dia todo de um lado para o outro em uma canoa

Da Redação

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