
Bonito é uma cidade paradisíaca de Mato Grosso do Sul, com águas cristalinas, cachoeiras e raras formações rochosas. O local também chama a atenção pelo número de avistamentos de serpentes gigantes, as famosas sucuris.
O local é o berço de uma das maiores sucuris já registradas por cientistas, conhecida como Ana Júlia, de quase 7 metros e que pesava 200 kg. Ana Júlia foi encontrada morta, em março de 2024, no Rio Formoso.
O biólogo e especialista em serpentes, Henrique Abrahão Charles, esclareceu as aparições das sucuris. De acordo com o biólogo, a existência de cobras em Bonito é uma consequência natural da localização geográfica da cidade e de suas características ambientais, com seus alagados e nascentes.
Essas condições criam um habitat ideal para diversas espécies de serpentes, que desempenham um papel vital no equilíbrio ecológico da região. As cobras são predadoras naturais que ajudam a controlar populações de roedores e outros pequenos animais. Sem elas, o ecossistema de Bonito ficaria desequilibrado.
"As sucuris são avistadas constantemente em Bonito porque Bonito é uma área preservada. E não são só sucuris que são avistadas, mas uma quantidade absurda de outros animais. A região tem realmente uma abundância de alimentos para as sucuris. Apesar de serem especializadas em mamíferos, elas também comem peixe, aves, répteis".
O biólogo também esclarece que a transparência extrema da água facilita a visibilidade desses animais, mais do que em qualquer outra região do país.
"O solo da região é rico em calcário, o que torna a água o mais cristalina possível. Esse fenômeno natural permite ver com clareza tudo debaixo d’água e ajuda, e muito, nos avistamentos das sucuris, o que é normal ocorrer durante passeios, você vê uma cobra dessas. Presença que talvez passaria despercebida em rios mais turvos".
Juliana Terra e Cristian Dimitrius explicam que as sucuris não são cobras agressivas, como são vilanizadas em filmes de Hollywood.
"Existe muito sensacionalismo e informações errôneas difundidas sobre a espécie. Isso mostra que ainda temos muito trabalho de educação ambiental, pesquisa e conservação pela frente para desmistificar a espécie e evitar que casos como esse continuem acontecendo. A morte direta por humanos ainda é um dos principais fatores de morte das sucuris", pontuou a especialista Juliana Terra.
De acordo com o documentarista Cristian Dimitrius, rios de águas límpidas e uma boa conservação da espécie fazem o combo perfeito para possibilitar os registros na cidade.
"Bonito é o único lugar do mundo onde encontros como esse são possíveis. O animal é extremamente importante pra cidade, como um todo", destaca Cristian.
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