Facebook
  RSS
  Whatsapp

  06:22

Artesanato piauiense é valorizado no país e no mundo

 Artesão Jean Pimentel

O artesanato piauiense é um dos mais criativos e valorizados do país e nesta terça-feira (19), e a categoria tem muito o que comemorar.

O dia do artesão é comemorado em 19 de março em homenagem a São José, o padroeiro da categoria. A Bíblia usa a palavra “tekton”, que quer dizer “aquele que trabalha com as mãos”, para descrever a atividade do pai de Jesus Cristo.

As homenagens durante a data fortalecem esse setor econômico sustentável que valoriza a identidade cultural do estado. E hoje, no Piauí, são 2 mil artesãos com carteira atualizada e 6 mil cadastrados na Superintendência de Desenvolvimento do Artesanato do Piauí (Sudarpi).

O superintendente da Sudarpi, Ícaro Machado, informou que a programação em homenagem aos artesãos foi Iniciada dia 1º com a exposição de arte santeira "Raízes piauienses: esculpindo histórias através de gerações", na Central de Artesanato Mestre Dezinho, no centro de Teresina, e se estenderá até o dia 25 deste mês.

Na terça-feira (19) haverá celebração de missa na Central de Artesanato; dia 20 haverá mais comemoração na Central e dia 25 será realizada sessão solene na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) em homenagem à categoria.

Ícaro Machado classificou Os artesãos como essenciais para a manutenção da memória do fazer cultural do Piauí. "Através de técnicas aplicadas com as mais diversas tipologias, eles contam a história do estado e do nosso povo. Esse momento é importante para a integração da classe e para construirmos uma base sólida propícia para a promoção de políticas públicas que desenvolvemos na Sudarpi e que são voltadas para os artesãos piauienses", frisa o gestor.

Os artistas imprimem sensibilidade e carinho como valores agregados ao produto final e suas peças têm se espalhado pelo Brasil e pelo mundo.

Jean Pimentel, 52 anos, é uma das grandes expressões do artesanato do Piauí. Ele trabalha no Polo Cerâmico do bairro Poty Velho, zona norte de Teresina. "O artesanato é tudo na minha vida. É trabalhando com o barro que sustento a minha família", pontua o artesão, que tem comercializado suas peças para clientes do Piauí, Maranhão, Minas Gerais e de outros estados.

No momento, ele está finalizando esculturas de Iemanjá, de Oxum, de pescador e de vaqueiro para serem colocadas no Parque Vila Poty, no Polo Cerâmico do Poty Velho. Esse parque será inaugurado na terça-feira (19), como parte do projeto de requalificação do Polo Cerâmico.

No ano de 2004, Jean Pimentel foi ao Pólo Cerâmico comprar umas peças para sua casa e quando viu o pessoal produzindo as peças se encantou com a arte e logo abandonou o emprego de operador de máquinas para se tornar um artista. 

A paixão por produzir bustos de barro e outras peças contagiou a esposa Edilene, que também se tornou artesã e grande incentivadora do marido. "Pego a ideia do cliente e procuro sempre fazer a melhor peça, gosto de desafios", resume Jean.

Bordados da Tia Maria

A artesã Maria Moreira da Silva, a Tia Maria, 95 anos, é uma das profissionais da área mais conhecida na Central de Artesanato Mestre Dezinho. Ela borda toalhas, blusas, camisolas, pano de prato, rede de boneca e uma série de outros produtos, além de trabalhar com renda de bilro.

"Aprendi a bordar na adolescência, no mesmo período em que aprendi a ler, com a professora Edite Mendes, no colégio onde eu estudava na cidade de Floriano (PI), e nunca mais parei de bordar. Gosto muito dessa arte", revela Tia Maria.

"Ganho dinheiro com o bordado que também é meu entretenimento. Além disso, esse trabalho me ajuda a ter uma boa cabeça, não sou uma pessoa esquecida e minha visão também é muito boa", conta a artista.

​​​Maiores expoentes do artesanato do Piauí 

Um dos maiores expoentes do artesanato piauiense foi José Alves de Oliveira, o "Mestre Dezinho", natural de Valença do Piauí. Ele começou a trabalhar com madeira ainda jovem. 

Em Teresina, esculpiu peças para a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, localizada no bairro Vermelha, zona sul. As obras dele estão espalhadas pelo mundo. Mestre Dezinho morreu aos 74 anos, em fevereiro de 2000.

Outro artesão piauiense de expressão nacional foi Expedito Antonino do Santos, Mestre Expedito, natural de Domingos Mourão (PI). Nascido em 1932, ele foi contemporâneo e trabalhou com o mestre Dezinho na igreja da Vermelha, sendo de sua autoria as molduras da Via-Sacra, uma pia batismal e uma estante trabalhada em altos e baixos relevos. Ele morreu em Teresina no ano de 2022, aos 89 anos.

​​

Mais de Cultura