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  19:23

Medicamento reduz risco de morte por Covid-19 em 70%, diz estudo

Estudos como o da Regeneron são importantes para detalhar novos tratamentos contra doenças como a Covid-19.

 Com Informações: ICTQ

A indústria farmacêutica Regeneron revelou nesta terça-feira (23/3) que seu medicamento à base de anticorpos reduziu o risco de hospitalização e morte por Covid-19 em cerca de 70%, informaram a agência Dow Jones e o Valor. Isso após um grande estudo clínico, no qual traz evidências de que o medicamento pode ajudar na recuperação no início do curso da doença.

Dos indivíduos com a Covid-19 que receberam dosagem mais baixa, só 1% foi hospitalizado ou morreu, na comparação com 3,2% dos pacientes que receberam placebos, afirmou a Regeneron. Os participantes do estudo que receberam uma dose mais alta tiveram uma redução de risco semelhante, conforme a empresa.

Os dados finais do estudo ainda não foram publicados em detalhes, nem em alguma publicação científica que tenha revisão por pares. Porém, a Regeneron acredita que resultado do trabalho pode ajudar a aumentar a aceitação da medicação entre médicos e hospitais.

Ela crê também que os dados levantados podem também levar a painéis de especialistas convocados pela Sociedade de Doenças Infecciosas da América (IDSA, da sigla em inglês) para emitir diretrizes de tratamento recomendando o uso da droga.

Mas os especialistas ressaltam que Regeneron provavelmente terá que liberar dados mais detalhados, como as condições básicas dos pacientes e uma análise completa das mortes e hospitalizações entre os grupos de estudo, antes que a droga receba um apoio mais forte de grupos médicos, revelou à Dow Jones o médico da Clínica Cleveland que atua no comitê de diretrizes da IDSA, Adarsh Bhimraj.

Tratamentos como o da Regeneron têm sido pouco usados por serem difíceis de administrar, necessitando de uma terapia de infusão, além de carecer de dados mais robustos de ensaios clínicos que comprovem sua eficácia.

“Parece promissor, mas ainda precisamos ver os dados completos”, afirmou Bhimraj. Ele observou que drogas com anticorpos monoclonais, como a da Regeneron, até agora parecem ser modestamente eficazes porque exigem que um grande número de pacientes seja tratado para mostrar uma redução significativa nos resultados ruins da Covid-19.

“Não houve grandes mudanças no tratamento da Covid-19, então, se eu puder usá-la em 100 mil pessoas para manter algumas centenas fora do hospital, há algum valor nisso”, ponderou Bhimraj.

A empresa revelou que irá buscar autorização da Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, para a aplicação da dose mais baixa depois que ela mostrar ter uma eficácia semelhante à dose mais alta disponível atualmente. A mudança dobraria a capacidade de fabricação do medicamento daqui para frente.

Em novembro, a FDA liberou o medicamento da Regeneron e outro tratamento com anticorpos feito pela Eli Lilly para o tratamento de pessoas com sintomas leves ou moderados de Covid-19 que apresentam alto risco de desenvolver casos graves por causa de fatores de risco, como idade ou condições de saúde subjacentes.

Ambos os medicamentos são anticorpos monoclonais, moléculas projetadas em laboratório que imitam os anticorpos naturais produzidos pelo sistema imunológico para combater os vírus.

Estudos como o da Regeneron são importantes para detalhar novos tratamentos contra doenças como a Covid-19. Contudo, os cientistas são cuidadosos em recomendar as inovações antes que elas passem por todos os testes possíveis, pois o risco de uma decisão precoce pode representar um problema tão grave quanto a doença.

Uma analogia pode ser feita com o uso indiscriminado de medicamentos, que pode ser tão prejudicial quanto a falta de tratamento, como lembra o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêuticano ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni. “O uso indiscriminado de medicamentos pode causar sérias lesões à saúde do paciente, não devendo ser utilizado sem prescrição médica”, assinala.

Bianca Viana

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