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  04:23

Como nova religião politeísta passou de 3 a 3 mil fiéis em semanas na Islândia

Popularidade de "zuísmo", inspirada em antiga crença suméria, tem menos a ver com fé e mais com atitude política; saiba por quê.

 

Em uma época de crise para muitas religiões, uma crença na Islândia conseguiu uma verdadeira façanha. Nas últimas semanas, passou de 3 a 3 mil fiéis - quase 1% da população da ilha.

 

O "milagre" foi feito pelo "zuísmo", uma religião fundada em 2013 que, no papel, se baseia em uma das mais antigas: a dos sumérios, civilização politeísta que floresceu ao sul do que hoje é o Iraque, entre 5000 a.C. e 2000 a.C.

 

Mas, na prática, a religião é um protesto contra o pagamento obrigatório de impostos, por todos os cidadãos da Islândia - religiosos ou não - para sustentar igrejas do país.

 

Na Islândia, todos os cidadãos - mesmo os ateus ou agnósticos - têm de declarar uma religião e pagar um imposto que é redistribuído a congregações. Em 2016, o taxa será de cerca US$ 80 (cerca de R$ 320) ao ano por contribuinte.

 

Quase 75% da população é filiada à igreja nacional da Islândia, a luterana, e há mais de 40 organizações religiosas que se qualificam para receber os "pagamentos a paróquias" que resultam da arrecadação do imposto. Uma delas é o zuísmo, que foi registrado como uma religião oficial, ainda que minúscula, em 2013.

 

"O principal objetivo da organização", dizem os zuístas, "é que o governo derrogue qualquer lei que outorgue privilégios, financeiros ou de qualquer índole, às organizações religiosas, que sejam distintas dos oferecidos a outras organizações."

 

Os zuístas pedem ainda que se anule o registro da religião dos cidadãos. Enquanto isso não ocorre, eles devolvem aos seus fiéis o imposto da religião pago ao governo.

 

Funciona assim: os cidadãos pagam o chamado "imposto de Deus" ao governo; a organização zuísta recebe do governo a sua parte e, depois, devolve o dinheiro do imposto a seus membros. Ou seja, os "fiéis" do zuísmo recebem de volta o dinheiro do imposto.

 

"Não perguntamos aos novos fiéis se acreditam nos deuses", disse à BBC Holger Simonsaen, um dos fundadores do zuísmo. O estatuto do zuísmo diz que, quando alcançar seu objetivo, "a organização religiosa do zuísmo deixará de existir".

 

Politeísmo

Para se registrar como igreja, o zuísmo recuperou a crença dos sumérios.

 

Os sumérios - e agora os zuístas - tinham vários deuses. Os quatro principais são An, Ki, Enlil e Enki, deuses do céu, terra, vento e água, respectivamente. "Acreditamos que o universo é controlado por um grupo de seres vivos com forma humana mas imortais, com forças sobrenaturais", diz o site da religião zuísta. E há, na teoria, até "planos" de construir um ziggurat, ou templo.

 

Os fundadores da religião convidaram seus seguidores no Facebook a apresentar projetos, especificando que devem incluir "um auditório grande e salas menores para adoração e sacrifícios" e até "um parque ornamental de leões grandes e... um fosso para jacarés e um dragão".

 

Fonte: G1

Por Helder Felipe

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