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Policial que matou em Piracuruca fala ao Em Foco; família diz que crime foi premeditado

 

Exibição de uma suposta arama de fogo em público, ofensas e ameaças mútuas em um grupo de WhatsApp, marcação de local para acertar contas, um homem morto e um policial investigado civil e militarmente. O roteiro não é de filme. É uma realidade que iniciou na noite de domingo e terminou de forma trágica na tarde de segunda-feira (29/10) na cidade de Piracuruca a 196 km ao norte de Teresina.

Nesta terça-feira (30) o Em Foco conseguiu falar com o policial, com o comandante da PM na área de circunscrição do crime, e também com um familiar da vítima. As versões seguem depois do relato do fato, com base em versão oficial da polícia e do site Piracuruca ao vivo que esteve na cena do crime.

O CRIME

Por volta das 14:40h de segunda-feira (29/10), na Av. Coronel Pedro de Brito, bairro Esplanada em Piracuruca, um suposto tiroteio entre Rodrigo de Brito Magalhães, de 28 anos de idade, e um Policial Militar apaisana identificado por Tertulino Carvalho Neto, lotado na Força Tática de Piripiri,  terminou com Rodrigo Brito sendo morto.

Segundo a Polícia Militar, o policial seguiu Rodrigo que teria passado em frente a 5ª Companhia de Polícia Militar lhe apontando uma arma de fogo. O Policial seguiu o homem e 1 km depois o homem parou o carro e saiu com uma espingarda em punho. O policial atirou três vezes, acertando dois tiros: um na cabeça e outro no peito.

O policial se apresentou espontaneamente na delegacia e não foi feito fragrante. Ele vai responder inquérito civil e militar para saber se houve uma possível prática de crime militar.

Rodrigo estava em Piracuruca na casa dos pais, mas segundo apurou o Em Foco, vivia mais em São José dos Campos-SP.

AS VERSÕES

DA POLÍCIA

Segundo a polícia, e confirmada por vídeo que circulou em aplicativa, Rodrigo Brito exibiu uma arma de fogo em público na noite de domingo (28) no local de lazer e concentração conhecido como Prainha, em Piracuruca. Na segunda-feira, pessoas de um grupo de aplicativo WhatsApp, do qual Rodrigo participava, começaram a criticar a atitude do rapaz. Segundo apurou o Em Foco, o policial Tertuliano Carvalho Neto entrou no grupo e começou a questionar a atitude do rapaz. De acordo com integrantes do grupo, o policial queria descobrir a localização de Rodrigo para prendê-lo, pois tanto a PM como a Polícia Civil de Piracuruca já sabiam das imagens do rapaz exibindo a arma.

 

A discussão chegou ao ponto dos dois marcarem local para se encontrar. “Valentão dos áudios! Diga sua localização e vamos resolver agora. Estou chegando” diz o policial, que foi respondido pelo rapaz. “Vamos já já marcar. Você pode vir aqui na casa do Adalto da Maricota. Estou lhe esperando...” disse o rapaz.

POLICIAL ESTAVA DE FOLGA

Segundo o comandante do 12º Batalhão em Piripiri, Tenente-Coronel Erisvaldo, o policial chegava à CIA de Piracuruca para pedir ajuda, quando Rodrigo passou na frente apontando uma arma ao policial e fugiu. O policial seguiu a vítima usando o carro particular, apaisana. O comandante disse que a atitude do policial foi correta em não esperar pelo reforço.

“O povo pode prender em flagrante. Já o policial deve. Agora se você me perguntar: sozinho? Os princípios básicas da abordagem dizem que nós não podemos abordar em menor número ou igual numero. O que ele fez foi ação de coragem. Pode até falar que foi um pouco desacautelada, mas que ele assumiu o risco”, disse o comandante.

Questionado como o policial sabia o local em que o rapaz estava, o comandante disse que os dois se desafiaram a ir para um determinado local [versão confirmada em conversa de WhatsApp]. Ainda questionado como foi a abordagem do policial ao rapaz, o comandante disse que houve uma parada da vítima e o policial parou atrás e que a vítima saiu do seu carro postando uma arma. Disse que o policial pediu para a vítima soltar a arma, mas não foi atendido e que a perícia já constatou que houve uma tentativa da vítima atirar, mas que a arma teria falhado. Disse que diante da situação, o policial agiu em legitima defesa e efetuou três disparou: dois acertaram a vítima.

O Em Foco questionou se é de práxi que um policial marque encontro com um suspeito. O comandante disse que não é normal, mas é dever prendê-lo por desacato, por ameaça e disse que o policial marcou o local não para um desafio, mas para levar reforço e prender o rapaz. Ainda questionado se o policial não deveria esperar reforço, o comandante disse que “só quem sabe é quem está no momento da ocorrência e não cabe fazer juízo de valor". E finalizou afirmando que "o policial agiu com prudência e cautela possível”.

DA FAMILIA

A família contesta a versão da polícia afirmando que o rapaz não disparou contra o policial e diz que nem houve abordagem. Disse ainda que a arma mostrada no domingo (28) não era de verdade e que a espingarda calibre 12 estava dentro do carro, mas não era dele e que no momento da chegada do policial a vítima não estava com a arma em punho. “Só depois [do crime] a arma apareceu”. A polícia confirma que encontrou, no interior do veículo, uma pistola 380 que seria a mesma mostrada no domingo pela vítima.

Abaixo, vídeo gravado no domingo, comentando a eleição presidencial. 

DO POLICIAL

O Em Foco falou com o policial que atirou no rapaz. Ele disse que “a verdade é a divulgada na nota oficial da Polícia Militar”. Que era pra gente [reportagem] procurar que tinha sido publicada. A reportagem ainda tentou saber sobre a troca de ofensas entre os dois por aplicativo, mas o policial desligou o telefone.

“O que eu posso lhe repassar é o que já foi repassado na nota da Polícia Militar. Eu não vou me expor pessoalmente. As demais informações já constam no distrito, a justiça já tem conhecimento dos fatos. A nota que tinha já foi divulgada, você pode procurar e divulgar ela que essa nota vai ser a verdade.”

Da Redação

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