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Pesquisadores estudam transferir água do rio Parnaíba para Fortaleza

 Foto: Cassio Moreira/Codevasf

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estudam a viabilidade de transferência de água por meio de tubulações subaquáticas para quatro cidades: Fortaleza, Dalian (China) e Tel Aviv/Gaza (Israel/Palestina).

No caso de Fortaleza, o projeto prevê a transposição de águas do rio Parnaíba, que divide os estados do Piauí e Maranhão, em um trajeto de cerca de 400 quilômetros, com instalações no fundo do mar. A pesquisa, publicada recentemente na revista internacional Water, aponta viabilidade econômica na proposta, apesar de algumas restrições.

A obra seria baseada em sistemas de suporte e ancoragem no fundo do mar, com a linha de tubulação sempre no mesmo nível (para garantir um mínimo custo energético).

O sistema de tubulações subaquáticas seria o responsável por levar a água do rio Parnaíba à capital cearense (Foto: Divulgação/Daniel Albiero)

Como explica o coordenador do projeto, Prof. Daniel Albiero, do Departamento de Engenharia Agrícola, para reduzir o custo energético com o bombeamento da água, seria construída uma pequena estação eólica afastada da costa, entre Parnaíba e Camocim. A definição do local da usina foi feita com base em pesquisas sobre espaços na região com melhores condições de ventos.

EVITANDO A EVAPORAÇÃO

Diferentemente das aduções terrestres (como a que transfere águas do Castanhão ou a futura transposição do São Francisco), o projeto subaquático driblaria um dos maiores problemas do abastecimento hídrico no semiárido: a perda de volume pela evaporação.

Com canais abertos, sujeitos à incidência direta do sol, gasta-se água para transferir a própria água, algo que não aconteceria com tubulações no fundo do mar. No Ceará, estima-se um índice de evaporação médio de 2 mil milímetros por ano.

Três fatores influenciaram a escolha do rio Parnaíba como fonte para a transferência de água. O primeiro foi a vazão média do rio, de 763 m³/s, suficiente para suprir as necessidades de Fortaleza em qualquer situação. O projeto, no entanto, prevê tubulações com vazões que variam entre 9,3 m³/s e 13 m³/s, considerando-se todas as estações. A estimativa é que a cidade utilize em torno de 9,3 m³/s em situações normais, valor que pode ser reduzido significativamente em tempos de escassez hídrica.

O segundo fator foi a qualidade da água, apropriada para o consumo. Para evitar qualquer problema com água salobra (uma vez que o rio deságua no mar), o sistema seria instalado ainda na foz, mas em uma área longe da costa.

O fator mais importante, porém, foi a proximidade do rio com a capital cearense. “A questão da distância é primordial, pois, como mostramos na avaliação econômica, o principal componente de custo é a tubulação de concreto. Quanto menor a distância, melhor”, explica o Prof. Albiero.

O Prof. Daniel Albiero, da Engenharia Agrícola, é o responsável pela pesquisa (Foto: Ribamar Neto/UFC)

VIABILIDADE ECONÔMICA

O estudo aponta um custo de US$ 250 milhões para o projeto. Segundo  o professor, considerando-se gastos de construção de barragens e canais, custo energético e questões de desapropriação em obras como a do Castanhão, um projeto de adução subaquática teria um ônus menor.

“A adução de água terrestre como a que hoje é feita no Castanhão é muito mais cara do que a adução subaquática que estamos propondo”, afirma.

O problema maior está no custo da água bruta que seria entregue à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Atualmente, a Cagece paga US$ 0,0355 por metro cúbico de água. A tarifa, uma decisão do próprio Governo, é bem mais barata do que nas outras cidades: em Dalian, o custo da água é US$ 0,079, mais que o dobro do de Fortaleza, e em Tel Aviv/Gaza, US$ 0,35, quase 10 vezes mais caro.

As baixas tarifas praticadas no Ceará poderiam inviabilizar o empreendimento. “Para evitar aumento (de tarifa), propusemos uma solução sustentável, que é utilizar o potencial eólico offshore do Ceará com essa usina eólica pequena”, explica o professor. “O excedente de energia, aliado à nossa geração distribuída já regulamentada, pode garantir a viabilidade do projeto, deixando o valor do metro cúbico o mesmo.”

Fonte: Kevin Alencar/agenciaufc

Da Redação

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