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  12:16

Ex-capitão homenageado por Bolsonaro e filho é morto em troca de tiros com o Bope da Bahia

 Fonte: O globo

O ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto na manhã desse domingo (09/02) durante uma troca de tiros com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Bahia, com apoio do setor de inteligência da Polícia Civil do Rio. Apontado como autor de diversos homicídios, o ex-militar era um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, inclusive com alerta vermelho da Interpol. O ex-policial militar foi localizado numa área rural do estado da Bahia, no município de Esplanada. No início deste mês, a Policia Civil fez uma operação na Costa do Sauípe para prendê-lo, mas não o encontrou. Na ocasião, Adriano deixou para trás uma identidade falsa.

Há cerca de um ano, o ex-capitão vinha sendo investigado e monitorado pela inteligência da Secretaria de Polícia Civil, que conseguiu chegar ao paradeiro dele na Bahia. Com apoio operacional do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar da Bahia, foi realizada uma ação com o uso de helicóptero. Segundo a polícia, Adriano era acusado de ser o chefe de um grupo criminoso formado por matadores de aluguel, que ficou conhecido como Escritório do Crime — investigado por suspeita de envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele era réu na Operação Intocáveis do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que investiga a milícia de Rio das Pedras.

Vereador disse que nãop sabia que o miliciano estava escondido na sua chácara

Adriano Nóbrega estava num sítio que seria do vereador Gilson Batista Lima Neto, conhecido como Gilsinho da Dedé (PSL). Na casa foram encontradas quatro armas: duas pistolas e duas espingardas. Ao ser surpreendido pela polícia, ele atirou com uma pistola Glock, calibre 9mm. Agentes que participaram da operação contaram que houve intensa troca de tiros e que o ex-militar chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Também foram apreendidos 13 celulares e sete chips de diferentes operadoras, que Adriano usava para evitar ser rastreado.

Deflagrada em 22 de janeiro do ano passado, com base em investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, a “Intocáveis” revelou que o ex-capitão comandava um esquema de agiotagem, grilagem de terras e construções ilegais, com o pagamento de propina a agentes públicos, a fim de manter seus negócios ilícitos, “sempre de forma violenta e por meio de ameaças”. Adriano era o único foragido da "Intocaveis". Os outros 12 integrantes da milícia de Rio das Pedras estão presos.

Homenagens
O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso em defesa do ex-capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, o Urso Polar, em 2005.  O ex-capitão do Bope havia sido condenado por homicídio dias antes do pronunciamento de Bolsonaro no plenário da Câmara. O então parlamentar do PP afirmou ter comparecido ao julgamento do PM, segundo ele um 'brilhante oficial'.

Antes, Nóbrega ja tinha sido alvo de duas honrarias de louvor e congratulações por serviços prestados à corporação, oferecidas pelo então deputado estadual pelo Rio, Flávio Bolsonaro. A primeira, uma moção, ocorreu em outubro de 2003, por comandar um patrulhamento tático-móvel, quando estava no 16º BPM (Olaria). Na época, o militar era primeiro-tenente.

O texto da moção de número 2.650/2003 dizia que ele era homenageado "pelos inúmeros serviços prestados à sociedade". Flávio Bolsonaro justificou o ato: "no decorrer de sua carreira, atuou direta e indiretamente em ações promotoras de segurança e tranquilidade para a sociedade, recebendo vários elogios curriculares consignados em seus assentamentos funcionais. Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão. É com sentimento de orgulho e satisfação que presto esta homenagem".

As ligações de Adriano com o senador Flávio Bolsonaro não param por aí. A mãe e a ex-mulher do ex-capitão do Bope, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa, foram lotadas no gabinete dele quando era deputado estadual, em 2018. No mês passado, a família do miliciano foi acusada pelo MP de participar de um suposto esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, na Alerj. Segundo o pedido de busca e apreensão feito pelos promotores, as duas teriam transferido R$ 203 mil para Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente.

Da Redação

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