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  08:00

Queiroz agora mora no Morumbi, em SP, para facilitar tratamento de câncer, diz revista

 Fonte: O Globo / Foto: Veja

Sem dar sinais de seu paradeiro desde o dia 12 de janeiro, quando postou um vídeo na internet após uma cirurgia,  Fabrício Queiroz foi visto na última segunda-feira na recepção do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein , onde são marcados procedimentos como quimioterapia e radioterapia. De acordo com a revista "Veja", o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) mora hoje no Morumbi, na zona sul de São Paulo, para facilitar os deslocamentos para o hospital, onde segue o tratamento contra um câncer de cólon.


Alvo de polêmica após o Coaf identificar movimentações financeiras suspeitas de funcionários da Assembleia Legislativa do Estado do Rio ( Alerj ), Queiroz, até então, tinha seu paradeiro desconhecido. 

Segundo a publicação, citando uma pessoa próxima a Queiroz, a cirurgia não resolveu seu problema de saúde e a doença foi agravada. A reportagem flagrou o amigo da família Bolsonaro chegando ao hospital, se dirigindo ao setor de marcação de consultas e exames, e tomando café no final da tarde no centro de oncologia do Einstein. Nas fotos,  Queiroz aparece mais magro.

Em maio, O GLOBO mostrou que o ex-motorista do senador Flávio pagou em espécie R$ 64,58 mil por uma cirurgia no mesmo hospital . Queiroz foi internado na unidade em janeiro para a retirada do tumor. O pagamento foi feito em 14 de fevereiro. Desde que o assessor de Flávio recebeu alta do hospital, nunca se soube o valor das despesas pagas pelo procedimento médico.

À "Veja", um de seus amigos, o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), afirmou ter trocado mensagens com Queiroz há alguns meses. “Ele escreveu que ainda estava baqueado”, conta.  

Movimentações suspeitas

Apesar das investigações que miram negócios suspeitos feitos por Queiroz, ele não era procurado pelas autoridades. Depois que veio à tona a informação de que o Coaf apontou movimentações financeiras suspeitas de R$ 1,2 milhão pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro, revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Queiroz deu entrevista para o SBT, na qual afirmou que tais movimentos eram "fruto da compra e venda de veículos usados". Na entrevista, que aconteceu em São Paulo dias antes de ser operado no Albert Einstein, Queiroz se definiu como "um cara de negócios” e que comprava e revendia carros.

O Coaf afirmou em relatório que tais transações eram “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” de Queiroz, que foi assessor do gabinete de Flávio até outubro de 2018, com salário de R$ 8.517. Uma das transações listadas é um cheque de R$ 24 mil destinado à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, mulher de Jair Bolsonaro. Flávio Bolsonaro é o filho mais velho do presidente eleito.

Em nota, na época, o Ministério Público Federal (MPF) informou que o relatório do Coaf fazia parte da investigação, mas não citava o nome de nenhum funcionário da Alerj que fizesse parte da lista. O relatório, segundo o jornal, também cita movimentações de dinheiro em espécie. No período de um ano analisado (janeiro de 2016 a janeiro de 2017), o Coaf identificou R$ 320 mil em saques feitos por  Fabrício José Carlos de Queiroz, dos quais R$ 159 mil foram sacados numa agência dentro do prédio da Alerj.

Ao todo, o Coaf rastreou R$ 200 milhões em transações financeiras envolvendo 22 funcionários da Alerj. A análise foi feita a pedido dos procuradores que investigam o esquema de corrupção envolvendo deputados e servidores da Assembleia. No início de novembro, sete deputados estaduais foram presos sob suspeita de receberem propina de receberem propina de empresários de ônibus para votarem a favor de temas de interesse do setor e integrarem a base do governo de Sérgio Cabral. Outros três parlamentares que já estavam presos foram alvos de novos mandados de prisão.

Quebra de sigilo

Para fundamentar um pedido de quebra de sigilo financeiro e fiscal do ex-assessor de Flávio, os promotores do Ministério Público dedicaram-se nos últimos meses a uma investigação prévia. O embasamento do pedido é importante uma vez que os juízes estaduais não conhecem os detalhes da investigação.O MP só localizou no nome de Queiroz dois carros antigos. Um Ford Del Rey Belina marrom, modelo 1985-86, e um Voyage preto, modelo 2009-10. Não há registro de outros automóveis ou mesmo foram identificadas outras transações.

Além disso, em fevereiro, ao prestar esclarecimentos por escrito ao MP, Queiroz não detalhou essas supostas compras e vendas de carros e admitiu que pegava parte dos salários de outros funcionários do gabinete e gerenciava esses valores para supostamente contratar mais pessoas que trabalhariam fora da Assembleia Legislativa do Rio quando Flávio era deputado. No documento, Queiroz disse que "com a remuneração de apenas um assessor parlamentar conseguia designar alguns outros assessores para exercer a mesma função, expandindo a atuação parlamentar do deputado". Ele se comprometeu a entregar a lista desses outros funcionários, mas não o fez até o momento.

Investigação sobre Flávio Bolsonaro

Em julho, o presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ), ministro  Dias Toffoli , determinou a suspensão de todos os processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização prévia do Poder Judiciário, como o Coaf. A decisão foi dada em resposta a um pedido de Flávio Bolsonaro.

Flávio é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) no inquérito que apura o suposto desvio de dinheiro em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O desvio, segundo as investigações, ocorreria a partir da arrecadação ilícita de parte dos salários de servidores lotados no gabinete do então deputado estadual. Flávio Bolsonaro nega seu envolvimento no caso.

A suposta arrecadação teria sido detectada em relatórios do Conselho de Administração de Atividades Financeiras (Coaf). A defesa de Flávio argumentou ao STF que a investigação conduzida pelo MPRJ teria irregularidades porque o repasse de dados do Coaf ao MPRJ não teria sido intermediado pela Justiça.

 

José Sérgio

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